segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Formação da Ilha de Timor Leste

MITO DO CROCODILO

“Em Macassar, na ilha dos Celébes, vivia um crocodilo…. Isto passou-se muito antes dos tempos que já lá vão. Velho, sem velocidade para os peixes da ribeira, não teve outro recurso senão pôs pé no seco e aventurar-se terras adentro e ver se topava cão ou porco que lhe matasse a fome.
Andou, andou e nada topou.
Resolveu regressar, mas o caminho era longo e o sol ardia. Abrasado, sentiu o crocodilo que as forças iam faltar-lhe e que, mais passo, ficaria ali para sempre como uma pedra.
Mas o acaso fez que lhe passasse, mesmo à mão e a tempo, um rapaz. Este, condoído, ajudou-o a arrastar-se até à ribeira. O crocodilo ficou-lhe gratíssimo, oferecendo-se para, a partir daquele dia, o levar às costas pelas águas dos rios e do mar.
Certa vez, apertado pela fome e sem cão ou porco que a matasse, decidiu-se a comer o rapaz. Antes, porém, para alívio da consciência, consultou os outros animais sobre se devia ou não comê-lo. Desde a baleia ao macaco todos ralharam muito com ele, acusando-o de ingrato.

Inclinando-se perante a opinião geral, e no receio de que a sua presença passasse, de futuro, a ser mal tolerada, o crocodilo dispôs-se a partir mar fora e a levar consigo o dedicado rapaz por quem, vencida a tentação, sentia amizade quase paternal.
Foi nesta disposição que convidou o rapaz a pular-lhe para as costas.
Fazendo-se, então, ao mar nadou, onda após onda, em demanda das terras onde nasce o sol, convencido de que lá havia de encontrar um disco de oiro semelhante ao outro que o norteava.

Porém quando já cansado de nadar, pensou em dar meia volta e regressar às terras de origem, sentiu que o corpo se lhe imobilizava, rapidamente, em pedra e terra, crescendo, crescendo, até atingir as dimensões de uma ilha.
Caminhou, então, o rapaz sobre o dorso da ilha, rodeou-a com o olhar e chamou-a de Timor que, em língua malaia, quer dizer oriente.”

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