terça-feira, 8 de janeiro de 2008

A ausência do pai

Na conferência do Dr. Pedro Stress sublinhou a influencia a ausência do pai no desenvolvimento emocional, cognitivo e comportamental da criança e do adolescente.
O papel do pai na sociedade tem vindo a modificar-se, sobretudo nas últimas décadas. Até ao fim do século passado, o pai desempenhava essencialmente uma função educadora. Depois da II Guerra Mundial e em consequência de alterações profundas que deram na sociedade ocidental (ambos os pais empregados, família nuclear, dificuldades económicas) o pai foi-se tornando cada vez mais participativo.
Na nova redistribuição igualitária dos papéis masculino e feminino, o homem como marido e como pai tem sido o principal alvo de transformação.
A sociedade actual tem passado por grandes transformações em todos os campos trazendo mudanças aos comportamentos das pessoas. Tais mudanças afectaram também a forma de se educar os filhos. Não se pode mais falar hoje, de um modelo de pai, pois muitos são os tipos de estruturas familiares. Tempos atrás, a família patriarcal era soberana. Bastava ao pai prover autoridade, segurança física e financeira e pronto, seu papel estava sendo perfeitamente cumprido. Hoje, ainda remanescem algumas famílias patriarcais, mas são poucas. O pai tem procurado participar mais, dividir responsabilidades e prazeres ao lado dos filhos também. E claro, essa é a receita ideal.
A ausência do pai pode trazer consequências psicológicas à criança. Se a ausência é definitiva, no caso de morte ou porque o pai não assumiu a paternidade, há que se trabalhar o contexto com a criança desde cedo contando a ela, na linguagem apropriada para a idade, o que aconteceu e como o restante da família enxerga a situação, procurando minimizar o sentimento de rejeição. É sempre muito importante ter uma figura masculina, seja ela um novo companheiro da mãe, um tio, amigo ou avô, para que se tenha o modelo masculino. Quando a criança não tem esse modelo pode passar por situações de não reconhecimento do género. Ela não sabe o que é ser menina ou menino, pois não têm parâmetros. É muito comum, principalmente em meninos já que estamos falando da figura do pai, adoptarem trejeitos femininos ou até preferências culturalmente femininas, não porque tenham uma opção sexual diferente, o que também pode ocorrer, mas porque simplesmente ele não sabe o que é ser menino ou o que faz um menino.
“Os filhos necessitam em qualquer condição de apoio, de carinho, protecção, companhia, cuidados e limites. É fundamental o papel da família no desenvolvimento da auto-estima dos filhos, pois é nela que desenvolvemos os laços afectivos, influenciando questões relacionadas ao ajustamento e às mais variadas situações", explica a psicóloga Patrícia Camargo.
A figura paterna faz parte da estrutura emocional para nos tornarmos pessoas saudáveis e maduras. A criança que é criada sem referencial masculino pode tornar-se aversivo às ordens dadas por representantes femininos. Porém isso não quer dizer que crianças criadas somente pela mãe vão ter algum transtorno emocional.
Saiba que crescer numa família sem o pai, cada vez mais comuns nas sociedades modernas.
O papel materno é um factor essencial nas situações de ausência do pai no desenvolvimento da criança, pois a influência do comportamento materno pode levar a surgir uma maior ou menor predisposição para os conflitos associados à falta do pai.
O Dr. Pedro apresentou um caso em que a ausência do pai é um ponto importantíssimo da vida da criança. Ao longo do atendimento, foram surgindo as compreensões e emoções da criança/adolescente associadas à ausência do pai.
Concomitantemente aos diversos factores individuais de cada caso, é indispensável examinar o impacto dessa ausência no desenvolvimento psicológico, intelectual e comportamental de uma criança ou adolescente.
Este tema desperta especial interesse nos dias de hoje, devido a modificação da estrutura familiar actual, em que se observa a crescente ausência do pai. As principais teorias do desenvolvimento se baseiam no modelo da família convencional, e, provavelmente, as novas configurações familiares reflectem nas relações interpessoais e intrapsíquicas.
Em famílias sem parecença do pai ou nas quais os pais apresentavam pouca interacção com seus filhos, havia maior associação com desempenhos pobres em testes cognitivos das crianças. Ansiedade do pai, utilizada como uma variável índice, representando processos familiares e psicossociais subjacentes, é inconsciente e até fracamente relacionada com o desenvolvimento cognitivo em crianças.
Também apontam que diferenças atribuídas à ausência do pai podem ser decorrentes, em grande parte dos casos, do nível socioeconómico das famílias.
A seguir queria referir algumas citações dos vários autores sobre a ausência do pai:
FREUD "na maioria dos seres humanos, tanto hoje como nos tempos primitivos, a necessidade de se apoiar numa autoridade de qualquer espécie é tão imperativa que seu mundo desmorona se essa autoridade é ameaçada".
ROHDE et al. concluem que “a função paterna é fundamental para o desenvolvimento do bebé. Segundo os autores, tal função é dinâmica, já que o pai representa um sustentáculo afectivo para a mãe interagir com seu bebé e também, ainda nos primeiros anos da criança, deve funcionar como um factor de divisão da relação simbiótica mãe-bebé”.
MUZA contribui com este tema, dizendo que "o pai aparece como o terceiro imprescindível para que a criança elabore a perda da relação inicial com a mãe", sendo que "a criança necessita do pai para desprender-se da mãe e, ao mesmo tempo, também necessita de um pai e de uma mãe para satisfazer, por identificação, sua bissexualidade".
Prossegue afirmando que "o pai passa a representar um princípio de realidade e de ordem na família, e a criança sente que ela não é mais a única a compartilhar a atenção da mãe".
As crianças que não convivem com o pai acabam tendo problemas de identificação sexual, dificuldades de reconhecer limites e de aprender regras de convivência social. Isso mostraria a “ dificuldade de internalização de um pai simbólico, capaz de representar a instância moral do indivíduo: tal falta pode se manifestar de diversas maneiras, entre elas uma maior propensão para desenvolvimento com a delinquência.
A ausência do pai geralmente tem um impacto negativo em crianças e adolescentes, sendo que estes estariam em maior risco para desenvolver problemas de comportamento.
O que quer dizer que cada qual dos pais possui papel importante e vital no desenvolvimento do ser humano, e as continuações de uma criação má conduzida é factor principal para a inadequação social de toda e qualquer pessoa.
(By Ir. Ma. Mendes, SSpS, Universidade católica Portuguesa)

1 comentário:

Anónimo disse...

bom dia, sou Angolana .vivo em luanda .sou vocacionada. achei o seu blogger interessante ,e quero saber se a irmas nao tem aspirante e se porventura tiverem gostaria que publicassem algumas fotografia delas ou eventos realizados com elas e gostaria que o seu blogger tivesse um link onde cada uma das irmas falasse da sua experiência missionária nos mais diversos paises e quero saber quais são os requisitos para ingressar na congregação e qual é o carisma da congregação.