quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Ao homem é necessário a cultura de si

Gostaria de sublinhar alguns aspectos culturais dos timorenses que se mantêm-na ate actualidade, nomeadamente a música, o tebe, o tebedai, a dansa e a cansaun.
Neste caso a música de Timor Leste reflecte o contexto geográfico, cultural e social local, pelo que nela é possível perceber elementos distintamente autóctones, mas também influências de outras culturas musicais, como a ocidental, fruto da colonização portuguesa. Música e dança interligam-se nos géneros tradicionais timorenses, sendo elementos fundamentais da expressão cultural. Do repertório tocado, constam quatro géneros bem definidos: tebe, tebedai, dansa e cansaun. Todos se baseiam na tradição oral e foram passando de geração em geração.
O tebe, palavra em tétum que literalmente significa dançar, é um género tradicionalmente executado em todas as casas de Timor-Leste ao anoitecer, em festas de carácter animista (estilu), durante a época das colheitas ou ainda na abertura de uma casa sagrada (uma lulik). Também uma dança, o tebedai é comum a toda a ilha de Timor, embora com variações, consoante a zona onde é executado. É um género exclusivamente rítmico, onde os elementos femininos tocam os babadok e os dadir com ou sem movimentos corporais. É composta geralmente por dois motivos rítmicos, repetidos alternadamente tantas vezes quanto as desejadas. Por vezes, o tebedai feminino é acompanhado pelo bidu masculino, realizado por um ou mais homens, que se movem livremente à frente, ao lado ou atrás das mulheres, erguendo a espada e emitindo gritos guerreiros.
Casa tradicional, a linguagem simbólica da casa tradicional do étnico tétum A construção da casa tradicional é uma imagem, a luz de uma reflexão psíquica e do sentimento dos seus habitantes. Assim, também a construção das casas tradicionais é uma linguagem simbólica da humanidade, bela, e impressiva de quem a constrói; a simplicidade e a naturalidade devem ser atractivos para todos os seres humanos. A casa não consiste apenas no signo da função, mas sobretudo como o espelho da linguagem humanística de uma determinada sociedade.
A construção da casa tradicional de Timor-leste, como uma das formas de produção de obras culturais humanas, que também consiste em símbolos, tanto nas formas reais, como nas formas invisíveis (escondidas).
O símbolo da unidade e amizade da sociedade.
Uma lulik é o símbolo da unidade social dos seus habitantes. Todos os componentes da uma lulik representam a unidade social da comunidade. Por exemplo, os dois principais pilares são designados por “bei-feto//bei-mane” (o avó), as quatro colunas são designadas por “seki hat//tane hat” – os quatro assistentes do “bei-feto//bei-mane”; assim também as oito colunas curtas, “seki walu//tane walu”, todas reforçando a posição dos dois avós. Nota-se bem essa importância quando a morte de um mako’an (o sacerdote ritual do étnico tétum) é considerada como a queda do “kakuluk lor”, ou seja, um componente principal da uma lulik partiu e isso causa a insegurança da uma lulik. A morte da pessoa é considerada como “uma ulun kuak” (há alguns furos no telhado da casa), isto refere o afastamento da família ou inimizade da família. Esta comunidade acredita que o afastamento da família leva à morte muito cedo. Portanto, se houver alguns problemas entre eles, o melhor caminho é procurar meios para os resolver rapidamente.
(Ma. Mendes, SSpS)
Lisboa, 2007

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