quinta-feira, 31 de julho de 2014
JESUS É GRANDE AMIGO DAS CRIANÇAS
Jesus gosta de estar com as crianças. Ele as convida a estar com Ele,
conversa com elas e as ouve. Ele as abraça e as coloca no colo. Os discípulos
de Jesus tentam mandar embora as crianças, mas Jesus lhes diz que as deixem
ficar com Ele, que as crianças são uma parte importante de Sua família
quarta-feira, 30 de julho de 2014
SOU AMADA POR DEUS
Sou Ir.
Maria Mendes, Missionária Serva do Espírito Santo. Comecei a sentir a vocação
missionária quando tinha 9 anos de idade. Sou duma família em que a fé era
vivida ao ritmo da vida e de forma simples. Todos os dias rezávamos o terço em
família. Tínhamos de ir à missa todos os domingos. O meu pai sempre nos contava
as histórias dos missionários que entregaram as suas vidas e partiram para
muito longe para ajudar as pessoas em necessidade. Isso ajudou-me a abrir o
coração e a pensar que eu também poderia, um dia, fazer o mesmo.
Os meus pais
eram muito simples. Eles educaram-nos a viver a fé cristã. Creio que a sua
educação influencia muito o meu modo de estar e agir, pois caracteriza a minha
história pessoal que traduz o que sou hoje.
Fiz a minha
formação religiosa em Timor Ocidental e, depois dos primeiros votos em 1995,
fui enviada a Timor Leste, minha terra natal. A experiência que vivi e os
factos que presenciei, especialmente em 1999, foram duros demais. O povo passou
pelas experiências de muita dor, desespero, tristeza, sofrimentos e uma
situação de trevas. Gostaria de dizer que os religiosos e religiosas que
trabalharam em Timor Leste, nessa altura da história, trouxeram perdão, paz,
esperança, consolo, alegria. Éramos segurança e proteção, dando um grande
contributo à vida dos timorenses, alguns com a sua própria vida. Naquele
momento eu tinha certeza de que Deus estava comigo. Senti muita força e coragem
para lutar e estar ao lado do povo. Mesmo estando cansada, sentia dentro de mim
o desafio de continuar e não desanimar. Fiquei no meio das pessoas que fugiram
e acompanhei-as, rezando o terço. Ficámos sempre em oração, entregando tudo nas
mãos de Deus. Como consequência de todo esse trabalho e com as consequências
que dele deriva, depois do referendo em 1999, tive que fugir de Timor para as
Filipinas por causa da situação política. Fiz os meus votos perpétuos nas
Filipinas e lá recebi o destino missionário para Portugal que tanto desejava.
Cheguei a
Portugal, terra do meu sonho, no fim do ano de 2001 e integrei-me na comunidade
de Casal de Cambra. Comecei a aprender a língua de Camões e, aos poucos, ia
conhecendo a realidade e as diferentes actividades que existem na paróquia das
quais participava com a minha presença e interesse por descobrir cada dia
coisas novas.
Tenho tido,
felizmente, muitas oportunidades na minha missão aqui em Portugal através da
minha congregação. Os momentos como a oração, a formação pessoal e permanente,
as animações missionárias, a catequese e outras experiências apostólicas
ajudam-me a ir descobrindo o desejo de partilhar a minha vida para que os
outros possam descobrir também a alegria de viver. As pessoas que encontro no
campo da missão são muito acolhedoras. Sinto que tenho lugar no coração deste
povo. O que recebo das pessoas é muito mais do que aquilo que eu possa dar. Eu
sinto-me profundamente amada por Deus.
Olhando para
trás, pelas experiências dolorosas que passei na minha pátria, Deus fez-me
crescer. Nas situações mais complicadas senti fortemente que Deus é o meu
Salvador. Aquela experiência desafiou-me a crescer mais na fé, na esperança e
na caridade. Não me sinto sozinha, tenho o apoio de toda a minha família e as
minhas irmãs da comunidade. A oração e o carinho de todos fazem parte do meu
dia-a-dia.
Manifesto a
minha profunda gratidão a Portugal e sobretudo aos missionários portugueses que
trouxeram o grão de mostarda do Evangelho, há quase quinhentos anos atrás, para
o nosso país e hoje, como timorense e com todos os timorenses, podemos dizer que
o grão transformou-se em árvore ramoso. E um dos ramos sou eu próprio. Creio
que a minha presença em Portugal não é mais para evangelizar mas, sobretudo,
para testemunhar a minha própria fé.
Agradeço a
Deus pelas experiências vividas nas diferentes etapas do meu crescimento. Amei
e amo cada uma delas e procuro viver, aproveitando sempre o máximo.
Portugal, 2014
quinta-feira, 1 de maio de 2014
DISCURSO DE DESPEDIDA DOS ESTAGIÁRIOS POLÍCIA JUDICIÁRIA
Exmo. Senhor Diretor da Polícia
Judiciária de Lisboa, Dr. Carlos Farinha,
Exmo. Senhor Diretor do Departamento
de Toxicologia da Polícia Judiciária de Lisboa, Dr. João Rodrigues,
Exma. Senhora Diretora de
Escola da Polícia Judiciária de Loures, Dra. Carla Faloa e todos os professores
e as professoras da mesma.
Todo o começo tem um fim. E
todo o fim é um novo começo. É um ciclo imparável em todos os aspetos da nossa
vida.
O grande poeta, Fernando
Pessoa, escreveu: “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na
intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas
inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”
Intenso. Inexplicável.
Incomparável. Assim foi esse tempo que eu próprio e os meus quatro colegas;
João Henriques de Deus, Azevedo António da Costa Belo, Domingos Franklin Soares
e António Miguel da Costa, sentimos da nossa estadia aqui em Portugal. Foi
um período de tempo em que descobrimos, aprendemos, convivemos, sorrimos… , juntamente
com os funcionários e professores vivemos intensamente muitos momentos alegres,
produtivos, positivos e inesquecíveis. Momentos esses que, acreditamos, permanecerão
nas nossas memórias e nas nossas vidas, como uma marca muito profunda nos
nossos corações.
Do fundo do nosso coração,
queremos agradecer, em primeiro lugar, a Deus, pela sua graça que nos
acompanhou ao longo destes três meses do nosso estágio.
Em seguida, agradecemos ao
Estado Português que nos apoiou e continua a apoiar o desenvolvimento do nosso
país, Timor Leste.
À Direção da Polícia
Judiciária, obrigado pelo vosso acolhimento, pela vossa paciência, pelos vossos
sacrifícios por nós, os cinco, ao longo destes meses do nosso estágio.
Gostaríamos de enfatizar que
este momento não é um momento de tristeza porque nos despedimos. Não; este é um
momento de reflexão, de aceitação e de um novo desafio, de olharmos para a frente.
Não devíamos entristecer-nos
porque as coisas acabaram, mas sim, agradecermos porque elas existiram. Aliás,
nada acabou aqui; muito pelo contrário. Este é tão-somente o começo, o ponto de
partida para continuarmos a nossa missão no nosso querido país, Timor Leste.
Chegou a nossa hora de
mostrar serviços em Timor, o que recebemos aqui em Portugal. Chegou a hora e a
vez de mostrar o nosso orgulho por termos feito o nosso estágio neste país
amigo, Portugal. O que sentimos neste momento é um momento de orgulho, um
acontecimento feliz e inesquecível, abrilhantado por momentos de profunda
alegria e grandes esperanças para o futuro do nosso país.
Neste momento também
queremos pedir desculpa a todos pelas nossas incompreensões, pelas nossas
atitudes que provocaram algum desgosto da vossa parte. Mais uma vez
“DESCULPEM”.
“Obrigado, a todos por estes
três meses maravilhosos – pelas valiosas lições que aprendemos. Embora estejamos
separados pela distância, nada vai diminuir o vosso importante papel que
tiveram nas nossas vidas”…
Obrigado, Senhoras e Senhores. Não diremos adeus, mas sim, um “até qualquer dia!”
Bem Hajam e Muito Obrigado!.
Lisboa,
30.04.2014
sábado, 12 de abril de 2014
DOMINGO DE RAMOS
O Domingo de Ramos abre solenemente
a Semana Santa. Relembramos e celebramos a entrada triunfal de Jesus
Cristo em Jerusalém, poucos dias antes de
sofrer a Paixão, Morte e Ressurreição.
Domingo de Ramos é chamado assim porque o
povo cortou ramos de árvores, ramagens e folhas de palmeiras para cobrir o chão
onde Jesus Cristo passava montado num jumento.
Com folhas de palmeiras nas mãos, o povo
o aclamava “Rei dos Judeus”, “Hosana ao Filho de Davi”, “Salve o Messias”… E
assim, Jesus entra triunfante em Jerusalém despertando nos sacerdotes e mestres
da lei muita inveja, desconfiança, medo de perder o poder.
Começa então uma trama para condenar
Jesus à morrer na cruz no Domingo de Ramos. O povo o aclama cheio de
alegria e esperança, pois Jesus Cristo como o profeta de Nazaré da Galiléia, o
Messias, o Libertador, certamente para eles, iria libertá-los da escravidão
política e econômica imposta cruelmente pelos romanos naquela época e,
religiosa que massacrava a todos com rigores excessivos e absurdos.
Mas, essa mesma multidão, poucos dias
depois, manipulada pelas autoridades religiosas, o acusaria Jesus de impostor,
de blasfemador, de falso messias. E incitada pelos sacerdotes e mestres da lei,
exigiria de Pôncio Pilatos, governador romano da província, que o condenasse à
morte.
Por isso, na celebração do Domingo de
Ramos, proclamamos dois evangelhos: o primeiro, que narra a entrada festiva de
Jesus em Jerusalém fortemente aclamado pelo povo; depois o Evangelho da Paixão
de Nosso Senhor Jesus Cristo, onde são relatados os acontecimentos do
julgamento de Cristo.
Julgamento injusto com testemunhas
compradas e com o firme propósito de condená-lo à morte. Antes porém, da sua
condenação, Jesus passa por humilhações, cusparadas, bofetadas, é chicoteado
impiedosamente por chicotes romanos que produziam no supliciado, profundos
cortes com grande perda de sangue. Só depois de tudo isso que, com palavras é
impossível descrever o que Jesus passou por amor a nós, é que Ele foi condenado
à morte, pregado numa cruz.
O Domingo de Ramos pode ser chamado
também de “Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor”, nele, a liturgia nos
relembra e nos convida a celebrar esses acontecimentos da vida de Jesus que se
entregou ao Pai como Vítima Perfeita e sem mancha para nos salvar da escravidão
do pecado e da morte.
Crer nos acontecimentos da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso
Senhor Jesus Cristo, é crer no mistério central da nossa fé, é crer na vida que
vence a morte, é vencer o mal, é também ressuscitar com Cristo e, com Ele Vivo
e Vitorioso viver eternamente. É proclamar, como nos diz São Paulo: ‘“Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de
Deus Pai’
(Filipenses l:2,11).
(Filipenses l:2,11).
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
"A alegria do Evangelho"
Exortação Apostólica do Papa Francisco,
"A alegria do Evangelho"
ENCONTRO
O documento nasce
de uma reflexão sobre “a nova evangelização para a transmissão da fé cristã”,
portanto, sobre o anúncio do Evangelho hoje. Mas o Papa destaca que
tal anúncio só é possível quando surge de um encontro: “Não
me cansarei de repetir estas palavras de Bento XVI que nos levam ao
centro do Evangelho: ‘Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma
grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma
Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo’”.
(n. 7). Esse é o “manancial da ação evangelizadora”, segundo o Papa Francisco.
“Se alguém acolheu esse amor que lhe devolve o sentido da vida, como pode
conter o desejo de comunicá-lo aos outros?” (n. 8).
Portanto, seja na
sua origem, seja também no seu desdobrar-se, a ação evangelizadora mantém seu
vigor nesse encontro: não se trata de uma “heroica tarefa pessoal”, ou seja,
solitária, mas sim de uma “obra de Deus”, um anúncio que nasce e se mantém como
encontro com esse grande “Outro”. “Jesus é ‘o primeiro e o maior
evangelizador’. Em qualquer forma de evangelização, o primado é sempre de Deus”
(n. 12). E Deus é sempre um “Outro” que nos surpreende, que se manifesta pela “liberdade
incontrolável da Palavra, que é eficaz a seu modo e sob formas tão
variadas que muitas vezes nos escapam, superando as nossas previsões e quebrando
os nossos esquemas” (n. 22).
Por outro lado, o
anúncio do Evangelho se faz sempre no encontro com os diversos “outros”, pois,
de acordo com o papa, todo o povo de Deus anuncia o Evangelho. O papa
Francisco deseja uma “Igreja ‘em saída’”, que vá ao encontro dos diversos
“outros”, pois “ninguém se salva sozinho, isto é, nem como indivíduo isolado,
nem por suas próprias forças. Deus nos atrai, no respeito da complexa trama de
relações interpessoais que a vida numa comunidade humana supõe” (n. 113).
Dentro dessa
trama de relações, três “outros” principais ganham seu destaque no horizonte
de Francisco expresso na Evangelii gaudium. Em primeiro
lugar, o pobre. Diz o papa: “Hoje e sempre, ‘os pobres são
os destinatários privilegiados do Evangelho’, e a evangelização dirigida
gratuitamente a eles é sinal do Reino que Jesus veio trazer. Há que afirmar sem
rodeios que existe um vínculo indissolúvel entre a nossa fé e os pobres. Não os
deixemos jamais sozinhos!” (n. 48). “Por isso – continua o papa, repetindo sua
frase já célebre –, desejo uma Igreja pobre para os pobres. Estes têm
muito para nos ensinar” (n. 198). Embora nem sempre os cristãos conseguem manifestar
a beleza do Evangelho, “há um sinal que nunca deve faltar: a opção pelos
últimos, por aqueles que a sociedade descarta e joga fora” (n. 195). E mais: “É
necessário que todos nos deixemos evangelizar por eles. A nova evangelização é
um convite a reconhecer a força salvífica das suas vidas, e a colocá-los no
centro do caminho da Igreja” (n. 198).
DIÁLOGO
Para Francisco,
o diálogo “é muito mais do que a comunicação de uma verdade. Realiza-se pelo
prazer de falar e pelo bem concreto que se comunica através das palavras entre
aqueles que se amam. É um bem que não consiste em coisas, mas nas próprias pessoas
que mutuamente se dão no diálogo” (n. 142). Por isso, em um anúncio “respeitoso
e amável” do Evangelho, o papa afirma que “o primeiro momento é um diálogo
pessoal, no qual a outra pessoa se exprime e partilha as suas alegrias, as suas
esperanças, as preocupações com os seus entes queridos e muitas coisas que
enchem o coração. Só depois dessa conversa é que se pode apresentar-lhe a
Palavra” (n. 128).
Francisco também
destaca duas grandes modalidades de diálogo. Um primeiro diálogo necessário
é intraeclesial. Como exemplo concreto e até mesmo litúrgico, o
papa faz uma longa reflexão sobre a homilia (nn. 135-159), que é justamente uma
retomada do “diálogo que já está estabelecido entre o Senhor e o seu povo” (n.
137). Para o papa, a pregação de todo discípulo missionário deve partir
primeiramente da vivência pessoal de diálogo com o Senhor: “Quem quiser pregar,
deve primeiro estar disposto a deixar-se tocar pela Palavra e fazê-la carne na
sua vida concreta” (n. 150).
E também é
preciso preparação, pois “um pregador que não se prepara não é ‘espiritual’: é
desonesto e irresponsável quanto aos dons que recebeu” (n. 145). Essa
preparação começa na escuta. A “arte de escutar (...) é mais do que ouvir.
Escutar, na comunicação com o outro, é a capacidade do coração que torna
possível a proximidade, sem a qual não existe um verdadeiro encontro
espiritual” (n. 171). Por isso, o pregador deve pôr-se à escuta do povo, para
descobrir aquilo que os fiéis precisam de ouvir. “Um pregador é um
contemplativo da Palavra e também um contemplativo do povo” (n. 154).
Outro diálogo
essencial é extraeclesial, pois “o compromisso evangelizador se
move por entre as limitações da linguagem e das circunstâncias” (n 45). “Nos
diferentes povos, que experimentam o dom de Deus segundo a própria cultura –
afirma Francisco –, a Igreja exprime a sua genuína catolicidade e
mostra ‘a beleza deste rosto pluriforme’” (n. 116). A cultura e os diferentes
povos, portanto, como um grande interlocutor da comunidade cristã, também “são
sujeitos coletivos ativos, agentes da evangelização” (n. 122).
Nesse sentido, a
diversidade cultural é um dom e “não ameaça a unidade da Igreja” (n. 117), pois
“uma única cultura não esgota o mistério da redenção de Cristo” (n. 118).
Por isso, Francisco critica aqueles que “sonham com uma doutrina monolítica
defendida sem nuances por todos”, pois a variedade “ajuda a manifestar e
desenvolver melhor os diversos aspectos da riqueza inesgotável do Evangelho”
(n. 40). “A expressão da verdade pode ser multiforme”, relembra Francisco,
citando João Paulo II. “Não podemos pretender que todos os povos dos
vários continentes, ao exprimir a fé cristã, imitem as modalidades adotadas
pelos povos europeus num determinado momento da história, porque a fé não se
pode confinar dentro dos limites de compreensão e expressão de uma cultura” (n.
118). Daí a importância da evangelização entendida como inculturação: “Pode-se
dizer que ‘o povo se evangeliza continuamente a si mesmo’” (n. 122).
Em
suma, Francisco quer uma Igreja “em saída”, uma Igreja com as portas
abertas: “A Igreja é chamada a ser sempre a casa aberta do Pai. Um dos sinais
concretos desta abertura é ter, por todo o lado, igrejas com as portas abertas”
(n. 47), abertas aos diversos “outros” do mundo. E a verdadeira abertura,
segundo o papa, é “conservar-se firme nas próprias convicções mais profundas,
com uma identidade clara e feliz, mas ‘disponível para compreender as do outro’
e ‘sabendo que o diálogo pode enriquecer a ambos’” (n. 251).
ANÚNCIO
Para além do
encontro e do diálogo, os cristãos têm o dever de anunciar o
Evangelho “sem excluir ninguém, e não como quem impõe uma nova obrigação, mas
como quem partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo, oferece um
banquete apetecível. A Igreja não cresce por proselitismo, mas ‘por atração’”
(n. 14). Por outro lado, também, “todos devemos deixar que os outros nos
evangelizem constantemente” (n. 121), pois “a Igreja não evangeliza se não se
deixa continuamente evangelizar” (n. 174).
E evangelizar é
“tornar o Reino de Deus presente no mundo” (n. 176), é “amar a Deus, que reina no
mundo” (n. 180).
Nesse sentido, do
ponto de vista da evangelização, afirma Francisco, “não servem as
propostas místicas desprovidas de um vigoroso compromisso social e missionário,
nem os discursos e ações sociais e pastorais sem uma espiritualidade que
transforme o coração” (n. 262). O anúncio do Evangelho leva ao “amor fraterno,
ao serviço humilde e generoso, à justiça, à misericórdia para com o pobre” (n.
194), como Jesus ensinou. “Na medida em que Ele conseguir reinar
entre nós, a vida social será um espaço de fraternidade, de justiça, de paz, de
dignidade para todos. Por isso, tanto o anúncio como a experiência cristã
tendem a provocar consequências sociais” (n. 180).
O anúncio,
portanto, por assim dizer, deve ser encarnado, pois “as obras de amor ao
próximo são a manifestação externa mais perfeita da graça interior do
Espírito”. E, com relação ao agir exterior, “a misericórdia é a maior de todas
as virtudes” (n. 37).
Depois de
delinear, enfim, um horizonte bastante amplo da ação evangelizadora da Igreja,
o papa reconhece os limites e os riscos possíveis ao se tentar encarnar o
“estilo evangelizador” (n. 18) em todas as atividades da Igreja.
Mas Francisco não aceita desculpas esfarrapadas diante dos desafios
da evangelização: “A pastoral em chave missionária exige o abandono deste
cômodo critério pastoral: ‘sempre se fez assim’” (n. 33). “A nossa imperfeição
não deve ser desculpa; pelo contrário, a missão é um estímulo constante para
não nos acomodarmos na mediocridade e para continuar crescendo” (n. 121). “Não
digamos que hoje é mais difícil. É diferente” (n. 263).
Também é preciso
abandonar os sonhos com “planos apostólicos expansionistas, meticulosos e bem
traçados, típicos de generais derrotados” (n. 96). O importante é tentar, é o
que o papa parece dizer. “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por
ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade
de se agarrar às próprias seguranças” (n. 49).
E a própria
história de Igreja “é gloriosa por ser história de sacrifícios, de esperança,
de luta diária, de vida gasta no serviço, de constância no trabalho fadigoso,
porque todo o trabalho é ‘suor do nosso rosto’” (n. 96). Por isso, a ação
evangelizadora, na sua tensão encontro-diálogo-anúncio, é tentativa: “O abrir-se
ao outro tem algo de artesanal, a paz é artesanal” (n. 244).
Entretanto, “se eu consigo ajudar uma só pessoa a viver melhor, isso já
justifica o dom da minha vida” (n. 274).
No fundo, o
verdadeiro sonho de Francisco é “com uma opção missionária capaz de transformar
tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a
estrutura eclesial se tornem um canal adequado para a evangelização do mundo
atual mais do que à auto preservação” (n. 27). Para isso, é preciso “acreditar
na força revolucionária da ternura e do afeto” (n. 288), como fez Maria,
“Mãe da Igreja evangelizadora”, que soube até “transformar um curral de animais
na casa de Jesus” (n. 286). Mas essa força não surge por causa dos nossos
esforços pessoais. Essa força vem do Espírito Santo: só ele pode “renovar,
sacudir, impelir a Igreja em uma decidida saída para fora de si mesma a fim de
evangelizar todos os povos” (n. 261).
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