sexta-feira, 26 de setembro de 2008

DESEJO DE ESTAR COM DEUS


O Vosso AMOR é mais prcioso do que a vida,
os meus lábios Vos louvarão.
Quero bendizer-Vos em toda a minha vida,
levantar as minhas mãos em Vosso Nome.
(Salmo 63, 4-5)

segunda-feira, 21 de julho de 2008

CONFIRMAM-SE OS RUMORES: JORNADA DA JUVENTUDE DE 2011 SERÁ EM MADRI


A Espanha já havia acolhido este evento em 1989, em Santiago de Compostela

SYDNEY, domingo, 20 de julho de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI confirmou os rumores: ao final da XXIII Jornada Mundial da Juventude, o Papa marcou o próximo encontro com os jovens do mundo em Madri, no ano de 2011.

«Chega agora o momento de vos dizer adeus, ou melhor, até logo. Agradeço-vos por terem participado na Jornada Mundial da Juventude de 2008, aqui em Sydney, e espero que voltemos a nos ver em três anos», disse o Papa em sua despedida.

«A Jornada Mundial da Juventude de 2001 acontecerá em Madri, na Espanha». Os milhares de espanhóis explodiram em gritos e aplausos, alçando bandeiras vermelhas e amarelas.
«Até este momento…», começou a dizer o Papa, mas teve que para, sorrindo, pois os gritos não cessavam. «Até este momento – continuou –, recebemos uns aos outros, e demos ao mundo um alegre testemunho de Cristo. Que Deus vos abençoe».
A Espanha, na cidade de Santiago de Compostela, já tinha acolhido a Jornada Mundial da Juventude em 1989, presidida por João Paulo II e com a participação de meio milhão de jovens.

Era o terceiro lugar no qual foi celebrado um encontro com essas características, depois de Roma e Buenos Aires.
O arcebispo de Santiago de Compostela era então Dom Antonio María Rouco, que acolherá pela segunda vez uma Jornada Mundial da Juventude, mas agora como cardeal e arcebispo da capital espanhola.

BENTO XVI: ENCONTRO COM JOVENS EM SYDNEY, «UM NOVO PENTECOSTES»


Pede aos católicos de todo o mundo que se unam «espiritualmente» à JMJ

Por Inmaculada Álvarez
CASTEL GANDOLFO, domingo, 6 de julho de 2008 (ZENIT.org).- A próxima Jornada Mundial da Juventude será para toda a Igreja «como um renovado Pentecostes», afirmou hoje o Papa Bento XVI, em sua alocução anterior à oração do Angelus, com os peregrinos reunidos no Pátio interior do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo.
O Papa insistiu em várias ocasiões, antes e depois do Angelus, na importância de que os católicos de todo o mundo se «unam espiritualmente» à JMJ.

«Convido toda a Igreja a sentir-se participante desta nova etapa da grande peregrinação dos jovens através do mundo, iniciada em 1985 pelo Servo de Deus João Paulo II», exortou.
«Estou seguro de que desde todos os extremos da terra os católicos se unirão a mim e aos jovens reunidos, como em um Cenáculo, em Sydney, invocando intensamente o Espírito Santo, para que inunde os corações de luz interior, de amor a Deus e aos irmãos, de valente iniciativa para introduzir a eterna mensagem de Jesus na diversidade de línguas e culturas», acrescentou em outro momento.

Inclusive, nas saudações em diferentes línguas, ao final do encontro, voltou a insistir aos peregrinos na importância desta «participação espiritual» de toda a Igreja em Sydney.
O Papa se referiu ao lema do encontro, «Recebereis a força do Espírito Santo que descerá sobre vós e sereis minhas testemunhas», sobre o que «já há um ano as comunidades cristãs se preparam» para o grande encontro na Austrália.

«É a promessa que Jesus fez a seus discípulos depois da ressurreição, e que permanece sempre válida e atual na Igreja: o Espírito Santo, esperado e acolhido na oração, infunde nos fiéis a capacidade de ser testemunhas de Jesus e de seu Evangelho».

«Soprando na vela da Igreja, o Espírito divino impulsiona a «remar mar adentro» sempre de novo, de geração em geração, para levar a todos a boa notícia do amor de Deus, revelado plenamente em Cristo Jesus, morto e ressuscitado por nós», acrescentou o Papa.
Bento XVI assegurou que seu pensamento «já está na Austrália», e aproveitou o momento para agradecer a todos os que estão contribuindo nos preparativos, especialmente à Conferência Episcopal australiana e às autoridades civis.

Por último, o Papa fez uma breve reflexão sobre dois dos sinais das Jornadas Mundiais, que sempre estão presentes nestas celebrações: a Cruz dos jovens e o ícone da Virgem.
«Nos meses passados, a “Cruz dos jovens” atravessou toda Oceania, e em Sydney uma vez mais será testemunha silenciosa do pacto de aliança entre o Senhor Jesus Cristo e as novas gerações».
Junto à Cruz, acrescentou o Papa, o «ícone da Virgem Maria acompanha as Jornadas Mundiais da Juventude. A sua maternal proteção confiamos esta viagem à Austrália e o encontro dos jovens em Sydney».

PRESIDIÁRIAS COMPARTILHAM EXPERIÊNCIA DA JMJ

Assim como os jovens peregrinos, elas descobrem a «lectio divina»

Por Anthony Barich
SYDNEY, sábado, 19 de julho de 2008 (ZENIT.org).- Um monge beneditino britânico, Pe. Laurence Freeman, levou a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) a uma prisão feminina de Sydney, dirigindo a antiga forma de meditação cristã típica dos monges, a lectio divina, entre presidiárias.
Antes do início da Jornada, a Cruz da JMJ visitou o Centro Penitenciário de Mulheres de Silverwater Women's Correccional, onde há mulheres que seguem esse estilo de oração há 6 anos.
«Os guardas e as autoridades penitenciárias, segundo o capelão, sublinham que as mulheres que fazem essa meditação demonstram uma melhoria real em seu comportamento e em seu estado geral», explica o Pe. Freeman. A lectio divina consiste na leitura orante da Bíblia.
«Com freqüência, falta um pouco de ânimo, pois muitas detidas ficaram traumatizadas ou sofreram abusos, mas depois de algumas sessões de meditação, produz-se o que São Paulo chama de frutos do Espírito: amor, paz, paciência, autocontrole. São experiências interiores, e não tanto algo que pode ver-se externamente.»
O Pe. Freeman afirma que as detentas «estão recebendo uma autêntica assistência e atenção, assim como uma guia espiritual; e nesse contexto, a meditação consegue ter um significado para elas.»
O beneditino pensou, há alguns meses, que, dado que a JMJ envolveria toda a cidade de Sydney, também as detidas deveriam poder ter a possibilidade de experimentar essa mesma obra do Espírito Santo.
«Nós gostaríamos de ter certeza de que elas entrariam em contato com a Jornada – diz ele, explicando o motivo da visita. Enquanto estávamos aqui sentados, em meditação com elas, sentíamos que estávamos no coração da Igreja, que não está necessariamente onde o Papa e os cardeais se encontram fisicamente, e sim também nos pobres, nos que sofrem, nas pessoas esquecidas.»

Momentos de graça
Os jovens também puderam desfrutar das sessões de meditação, baseadas na espiritualidade beneditina.
«A compreensão cristã da meditação consiste em que o Espírito Santo está vivo no centro do nosso ser, do nosso coração, e ser fortalecidos por isso não é somente algo que vem de fora, mas que desperta nosso interior», diz o Pe. Freeman. «Espero que tanto os peregrinos da JMJ quanto as detentas possam experimentar isso.»
A comunidade de meditação cristã ofereceu sessões aos jovens na igreja de Paddington Uniting, na rua Oxford.
Seguindo o convite de Bento XVI a procurar um tempo para a reflexão durante a euforia da jornada juvenil, o cardeal Geroge Pell, arcebispo de Sydney, afirmou que esse centro de meditação cristã poderia ser precisamente aquilo de que os peregrinos precisam.
«Muitas graças tocarão suas vidas nestes dias – disse o purpurado aos peregrinos, em uma visita ao grupo de meditação. Rezo para que as graças da oração contemplativa toquem também nosso coração e o enriqueçam para o resto de nossas vidas.»
«O tempo passado em silêncio no centro da meditação cristã pode ser um momento para que vocês recebam esta graça.»
O Pe. Freeman reconhece que a lectio divina está vivendo um revival, convertendo-se em uma alternativa à moda da meditação budista.

COMOVENTE PEDIDO DE PERDÃO DO PAPA PELOS ABUSOS SEXUAIS


Testemunhos dos que o ouviram

Por Anthony Barich
SYDNEY, sábado, 19 de julho de 2008 (ZENIT.org).- Os que foram testemunhas do pedido de perdão de Bento XVI às vítimas de abusos sexuais cometidos por sacerdotes não ocultaram sua comoção.

Ao celebrar a Eucaristia, na manhã de hoje, na catedral de Santa Maria, o Papa disse: «Eu estou realmente muito triste pela dor e pelo sofrimento suportados pelas vítimas e lhes asseguro que, como seu Pastor, compartilho o seu sofrimento».
E acrescentou: «Esses delitos, que constituem uma grave traição à confiança, devem ser condenados de forma inequívoca. Eles provocaram uma grande dor e afetaram o testemunho da Igreja» (cf. Zenit, 19 de julho de 2008).
Lorena Portocarrero, de 25 anos, leiga consagrada que esteve na 5ª fila na catedral de Santa Maria quando o Papa pronunciou estas palavras, garantiu à Zenit que não resta a menor dúvida de que ele realmente se sentia mortificado por esses atos perpetrados por outras pessoas.
«Ele parecia realmente compungido e insistiu em que compreende a dor dessas pessoas», afirma Portocarrero, que faz parte da Comunidade Mariana da Reconciliação, em Sydney.
«Ele demonstrou muita humildade e falou de coração – disse. Eu me sentia feliz e triste ao mesmo tempo. Sinto-me contente porque o chefe da Igreja é capaz de pedir perdão às pessoas pelos abusos dos membros da Igreja, que causam dano a pessoas às quais deveriam servir.»
John Paul Escarlan, de 24 anos, estudante no seminário do Espírito Santo em Parramatta (Sydney), considera que as palavras do Papa «são uma forma de recordar que não podemos trair a confiança das pessoas às quais devemos servir».
«O que ele disse me comoveu – admite Escarlan. Ainda que o papa não tenha cometido esses abusos, para mim foi impressionante a humildade que ele nos manifestou.»
«O mais importante que se pode fazer é pedir perdão às vítimas que ficaram feridas por alguém da Igreja», conclui o seminarista.

HOMILIA DO PAPA NA MISSA DE ENCERRAMENTO DA JMJ

SYDNEY, domingo, 20 de julho de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos a homilia de Bento XVI na missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude de Sydney, no hipódromo de Randwick, na manhã deste domingo.

CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA PARA A XXIII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
HOMILIA DO SANTO PADRE BENTO XVI


Hipódromo de RandwickDomingo, 20 de Julho de 2008

Queridos amigos,
«Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós» (Act 1, 8). Vimos hoje cumprida esta promessa. No dia de Pentecostes, como ouvimos na primeira leitura, o Senhor ressuscitado, sentado à direita do Pai, enviou o Espírito sobre os discípulos reunidos no Cenáculo. Com a força deste Espírito, Pedro e os Apóstolos foram pregar o Evangelho até aos confins da terra. Em cada idade e nas mais diversas línguas, a Igreja continua a proclamar pelo mundo inteiro as maravilhas de Deus, convidando todas as nações e povos a abraçar a fé, a esperança e a nova vida em Cristo.

Nestes dias, vim também eu como Sucessor de Pedro a esta maravilhosa terra da Austrália. Vim para confirmar-vos, meus jovens irmãos e irmãs, na vossa fé e abrir os vossos corações ao poder do Espírito de Cristo e à riqueza dos seus dons. Rezo para que esta grande assembleia, que congrega jovens «de todas as nações que há debaixo do céu» (Act 2, 5), se torne um novo Cenáculo. Que o fogo do amor de Deus desça sobre os vossos corações e os encha, a fim de vos unir cada vez mais ao Senhor e à sua Igreja e enviar-vos, como nova geração de apóstolos, para levar o mundo a Cristo.

«Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós». Estas palavras do Senhor ressuscitado revestem-se de um significado particular para os jovens que vão ser confirmados, marcados com o dom do Espírito Santo, durante esta Santa Missa. Mas, tais palavras são dirigidas também a cada um de nós, isto é, a todos aqueles que receberam o dom do Espírito de reconciliação e da nova vida no Baptismo, que O acolheram nos seus corações como sua força e guia na Confirmação e que crescem diariamente nos seus dons de graça por meio da Sagrada Eucaristia. De facto, em cada Missa o Espírito Santo, invocado na oração solene da Igreja, desce novamente não só para transformar os nossos dons do pão e do vinho no Corpo e no Sangue do Senhor, mas também para transformar as nossas vidas fazendo de nós, com a sua força, «um só corpo e um só espírito em Cristo».

Mas, o que é este «poder» do Espírito Santo? É o poder da vida de Deus. É o poder do mesmo Espírito que pairou sobre as águas na alvorada da criação e que, na plenitude dos tempos, levantou Jesus da morte. É o poder que nos conduz, a nós e ao nosso mundo, para a vinda do Reino de Deus. No Evangelho de hoje, Jesus anuncia que começou uma nova era, na qual o Espírito Santo será derramado sobre a humanidade inteira (cf. Lc 4, 21). Ele próprio, concebido por obra do Espírito Santo e nascido da Virgem Maria, veio habitar entre nós para nos trazer este Espírito. Como fonte da nossa vida nova em Cristo, o Espírito Santo é também, de modo profundamente verdadeiro, a alma da Igreja, o amor que nos une ao Senhor e entre nós e a luz que abre os nossos olhos para verem as maravilhas da graça de Deus ao nosso redor.
Aqui na Austrália, nesta grande «Terra Austral do Espírito Santo», tivemos todos uma inesquecível experiência da presença e da força do Espírito na beleza da natureza. Os nossos olhos abriram-se para contemplar o mundo circundante tal como verdadeiramente é: «repleto – como disse o poeta – da grandeza de Deus», cheio da glória do seu amor criador. Também aqui, nesta grande assembleia de jovens cristãos vindos de todo o mundo, tivemos uma experiência concreta da presença e da força do Espírito na vida da Igreja. Vimos a Igreja na profunda verdade do seu ser: Corpo de Cristo, comunidade viva de amor, que engloba pessoas de toda a raça, nação e língua, de todos os tempos e lugares, na unidade que brota da nossa fé no Senhor ressuscitado.

A força do Espírito não cessa jamais de encher de vida a Igreja. Através da graça dos sacramentos dela, esta força flui também no nosso íntimo como um rio subterrâneo que alimenta o espírito e nos atrai e aproxima cada vez mais da fonte da nossa verdadeira vida, que é Cristo. Santo Inácio de Antioquia, que foi martirizado no início do século II, deixou-nos uma esplêndida descrição desta força do Espírito que habita dentro de nós. Falou do Espírito como de uma nascente de água viva que brotava no seu coração e lhe sussurrava: «Vem, vem para o Pai!» (cf. Aos Romanos 6, 1-9).

No entanto esta força, a graça do Espírito, não é algo que possamos merecer ou conquistar; podemos apenas recebê-la como puro dom. O amor de Deus pode propagar a sua força, somente quando lhe permitimos que nos mude a partir de dentro. Temos de O deixar penetrar na crosta dura da nossa indiferença, do nosso cansaço espiritual, do nosso cego conformismo com o espírito deste nosso tempo. Só então nos será possível consentir-Lhe que acenda a nossa imaginação e plasme os nossos desejos mais profundos. Eis o motivo por que é tão importante a oração: a oração diária, a oração privada no recolhimento dos nossos corações e diante do Santíssimo Sacramento e a oração litúrgica no coração da Igreja. A oração é pura receptividade à graça de Deus, amor em acto, comunhão com o Espírito que habita em nós e nos conduz através de Jesus, na Igreja, ao nosso Pai celeste. Na força do seu Espírito, Jesus está sempre presente nos nossos corações, esperando serenamente que nos acomodemos em silêncio junto d’Ele para ouvir a sua voz, permanecer no seu amor e receber a «força que vem do Alto», uma força que nos habilita a ser sal e luz para o nosso mundo.

Na sua Ascensão, o Senhor ressuscitado disse aos seus discípulos: «Sereis minhas testemunhas (…) até aos confins do mundo» (Act 1, 8). Aqui, na Austrália, damos graças ao Senhor pelo dom da fé que chegou até nós como um tesouro transmitido de geração em geração na comunhão da Igreja. Aqui, na Oceânia, damos graças de modo especial por todos os heróicos missionários, sacerdotes e religiosos diligentes, pais e avós cristãos, professores e catequistas que edificaram a Igreja nestas terras. Testemunhas como a Beata Mary MacKillop, São Peter Chanel, o Beato Peter To Rot e muitos outros. A força do Espírito, que se revelou nas suas vidas, está ainda em acção nas beneméritas iniciativas que deixaram, na sociedade que plasmaram e que agora é entregue a vós.

Amados jovens, permiti que vos ponha agora uma questão. E vós o que é que deixareis à próxima geração? Estais a construir as vossas vidas sobre alicerces firmes, estais a construir algo que há-de durar? Estais a viver a vossa existência de modo a dar espaço ao Espírito no meio dum mundo que quer esquecer Deus ou mesmo rejeitá-Lo em nome de uma falsa noção de liberdade? Como estais a usar os dons que vos foram dados, a «força» que o Espírito Santo está pronto, mesmo agora, a derramar sobre vós? Que herança deixareis aos jovens que virão? Qual será a diferença impressa por vós?

A força do Espírito Santo não se limita a iluminar-nos e a consolar-nos; orienta-nos também para o futuro, para a vinda do Reino de Deus. Que magnífica visão duma humanidade redimida e renovada entrevemos na nova era prometida pelo Evangelho de hoje! São Lucas diz-nos que Jesus Cristo é o cumprimento de todas as promessas de Deus, o Messias que possui em plenitude o Espírito Santo para comunicá-Lo à humanidade inteira. A efusão do Espírito de Cristo sobre a humanidade é um penhor de esperança e de libertação contra tudo aquilo que nos depaupera. Tal efusão dá nova vista ao cego, manda livres os oprimidos, e cria unidade na e com a diversidade (cf. Lc 4, 18-19; Is 61, 1-2). Esta força pode criar um mundo novo, pode «renovar a face da terra» (cf. Sal 104, 30).

Uma nova geração de cristãos, revigorada pelo Espírito e inspirando-se a uma rica visão de fé, é chamada a contribuir para a edificação dum mundo onde a vida seja acolhida, respeitada e cuidada amorosamente, e não rejeitada nem temida como uma ameaça e, consequentemente, destruída. Uma nova era em que o amor não seja ambicioso nem egoísta, mas puro, fiel e sinceramente livre, aberto aos outros, respeitador da sua dignidade, um amor que promova o bem de todos e irradie alegria e beleza. Uma nova era na qual a esperança nos liberte da superficialidade, apatia e egoísmo que mortificam as nossas almas e envenenam as relações humanas. Prezados jovens amigos, o Senhor está a pedir-vos que sejais profetas desta nova era, mensageiros do seu amor, capazes de atrair as pessoas para o Pai e construir um futuro de esperança para toda a humanidade.

O mundo tem necessidade desta renovação. Em muitas das nossas sociedades, ao lado da prosperidade material vai crescendo o deserto espiritual: um vazio interior, um medo indefinível, uma oculta sensação de desespero. Quantos dos nossos contemporâneos escavaram para si mesmos cisternas rotas e vazias (cf. Jer 2, 13) à procura desesperada de sentido, daquele sentido último que só o amor pode dar!? Este é o dom grande e libertador que o Evangelho traz consigo: revela a nossa dignidade de mulheres e homens criados à imagem e semelhança de Deus; revela a sublime vocação da humanidade, que é a de encontrar a própria plenitude no amor; desvenda a verdade sobre o homem, a verdade sobre a vida.

Também a Igreja tem necessidade desta renovação. Precisa da vossa fé, do vosso idealismo e da vossa generosidade, para poder ser sempre jovem no Espírito (cf. Lumen gentium, 4). Na segunda leitura de hoje, o apóstolo Paulo recorda-nos que todo o indivíduo cristão recebeu um dom, que deve ser usado para edificar o Corpo de Cristo. A Igreja tem uma especial necessidade do dom dos jovens, de todos os jovens. Ela precisa de crescer na força do Espírito, que agora mesmo vos enche de alegria a vós, jovens, e vos inspira a servir o Senhor com entusiasmo. Abri o vosso coração a esta força. Dirijo este apelo de forma especial àqueles que o Senhor chama à vida sacerdotal e consagrada. Não tenhais medo de dizer o vosso «sim» a Jesus, de encontrar a vossa alegria na realização da sua vontade, entregando-vos completamente para chegardes à santidade e pondo os vossos talentos a render para o serviço dos outros.

Daqui a pouco celebraremos o sacramento da Confirmação. O Espírito Santo descerá sobre os candidatos; estes serão «marcados» com o dom do Espírito e enviados para ser testemunhas de Cristo. Que significa receber o «selo» do Espírito Santo? Significa ficar indelevelmente marcados, inalteravelmente mudados, significa ser novas criaturas. Para aqueles que receberam este dom, nada mais pode ser como antes. Ser «baptizados» no Espírito significa ser incendiados pelo amor de Deus. «Beber» do Espírito (cf. 1 Cor 12, 13) significa ser refrescado pela beleza do plano de Deus sobre nós e o mundo, e tornar-se por sua vez uma fonte de refrigério para os outros. Ser «selados com o Espírito» significa além disso não ter medo de defender Cristo, deixando que a verdade do Evangelho permeie a nossa maneira de ver, pensar e agir, enquanto trabalhamos para o triunfo da civilização do amor.

Ao elevar a nossa oração pelos confirmandos, pedimos também que a força do Espírito Santo reavive a graça da Confirmação em cada um de nós. Oxalá o Espírito derrame os seus dons em abundância sobre todos os presentes, sobre a cidade de Sidney, sobre esta terra da Austrália e sobre todo o seu povo. Que cada um de nós seja renovado no espírito de sabedoria e de entendimento, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de ciência e de piedade, espírito de santo temor de Deus.
Pela amorosa intercessão de Maria, Mãe da Igreja, que esta 23.ª Jornada Mundial da Juventude seja vivida como um novo Cenáculo, para que todos nós, inflamados no fogo do amor do Espírito Santo, possamos continuar a proclamar o Senhor ressuscitado atraindo para Ele todos os corações. Amen.

Tradução ao português difundida pela Santa Sé
© Copyright 2008 - Libreria Editrice Vaticana
ZP08071911 - 19-07-2008Permalink: http://www.zenit.org/article-19092?l=portuguese

CONVITE DE DEUS A MARIA


Angelus na Jornada Mundial da Juventude

SYDNEY, domingo, 20 de julho de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos as palavra que Bento XVI pronunciou antes e depois da oração do Angelus, ao meio-dia deste domingo, no hipódromo de Randwick, em Sydney, após a missa de encerramento da JMJ.
ANGELUS
Hipódromo de RandwickDomingo, 20 de Julho de 2008
Prezados jovens amigos,
Preparamo-nos agora para rezar juntos a oração encantadora do Angelus. Nela reflectiremos sobre Maria, jovem mulher em diálogo com o Anjo que, em nome de Deus, A convida a uma particular doação de Si mesma, da sua vida, do seu próprio futuro de mulher e mãe. Podemos imaginar como deveria sentir-Se Maria naquele momento: cheia de trepidação, totalmente baralhada com a perspectiva que Lhe foi apresentada.
O Anjo compreendeu a sua ansiedade e logo procurou tranquilizá-La: «Não tenhas receio, Maria (…). O Espírito Santo virá sobre Ti e a força do Altíssimo estenderá sobre Ti a sua sombra» (Lc 1, 30.35). Foi o Espírito que Lhe deu a força e a coragem para responder ao chamamento do Senhor. Foi o Espírito que A ajudou a compreender o grande mistério que estava para se realizar por meio d’Ela. Foi o Espírito que A envolveu com o seu amor, tornando-A capaz de conceber no seu ventre o Filho de Deus.
Esta cena constitui talvez o momento cardinal na história do relacionamento de Deus com o seu povo. Ao longo do Antigo Testamento, Deus fora-Se revelando de forma parcial mas gradual, como todos fazemos nas nossas relações pessoais. Foi preciso tempo para que o povo eleito aprofundasse a sua relação com Deus. A Aliança com Israel foi uma espécie de período de galanteio, um longo namoro. Chegou depois o momento definitivo, o momento do matrimónio, a realização duma nova e eterna aliança. Naquele momento, Maria, diante do Senhor, representava toda a humanidade: na mensagem do Anjo, era Deus que fazia uma proposta de matrimónio à humanidade; e Maria, em nosso nome, disse sim.
Nas fábulas, a narração termina aqui: e todos, «desde então, viveram felizes e contentes». Na vida real, não é tão fácil… Foram muitas as dificuldades com que Maria Se debateu ao enfrentar as consequências daquele «sim» dito ao Senhor. Simeão profetizou que uma espada haveria de trespassar-Lhe o coração. Quando Jesus tinha doze anos, Ela experimentou os piores íncubos que um progenitor pode viver: durante três dias, teve de aguentar o extravio do Filho. E, depois da actividade pública de Jesus, Ela sofreu a agonia de presenciar a sua crucifixão e morte. Através das várias provações, manteve-Se sempre fiel à sua promessa, sustentada pelo Espírito de fortaleza. E foi por isso mesmo recompensada com a glória.
Queridos jovens, também nós devemos permanecer fiéis ao «sim» com que acolhemos a oferta de amizade feita pelo Senhor. Sabemos que Ele nunca nos abandonará. Sabemos que sempre nos apoiará com os dons do Espírito. A «proposta » do Senhor, Maria acolheu-a em nosso nome. E agora, voltemo-nos para Ela e peçamos-Lhe que nos guie no meio das dificuldades para permanecermos fiéis àquele relacionamento vital que Deus estabeleceu com cada um de nós. Maria é o nosso exemplo e a nossa inspiração. Que Ela interceda por nós junto do seu Filho e, com amor materno, nos proteja dos perigos!

Depois do Angelus

Queridos amigos,
Chegou agora o momento de dizermos «Adeus», ou melhor, «Até à próxima». A todos vos agradeço por terdes participado na Jornada Mundial da Juventude 2008, aqui em Sidney, e espero voltar a ver-vos daqui a três anos. A Jornada Mundial da Juventude de 2011 terá lugar em Madrid, Espanha. Até lá, rezemos uns pelos outros, e prestemos a Cristo o nosso jubiloso testemunho diante do mundo. Que Deus vos abençoe a todos!

Tradução ao português difundida pela Santa Sé
© Copyright 2008 - Libreria Editrice Vaticana