quarta-feira, 11 de julho de 2012

ALARGA O ESPAÇO DA TUA TENDA (Is.54,2)

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Alarga o espaço da tua tenda (Is. 54,2)

– Exposição missionária
Sinopse

Com o título "Alarga o espaço da tua tenda", extraído do livro de Isaías, a partir do dia 12 de maio encontra-se patente ao público, na igreja da Santíssima Trindade, uma exposição missionária, organizada pelos Institutos Missionários Ad Gentes, Animadores Missionários Ad Gentes, Obras Missionárias Pontifícias e Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

Os conteúdos da exposição foram gizados por uma equipa interdisciplinar que, entre outros, contou com missionários de diferentes institutos (religiosos, religiosas e leigos).

O discurso expositivo pretende que o visitante apreenda, segundo ritmos diversificados, a realidade da Missão, partindo de uma consciência teológica que reflete acerca de como Deus se mostra missionário, lendo a ação missionária enquanto comunicação fontal que deriva da Trindade (núcleo 1: "Deus missionário: a missão é comunicação"). Ainda neste primeiro momento, o visitante é colocado perante os momentos históricos que os cristãos entendem como fundacionais do mandato missionário («Ide, ensinai e batizai»; «Recebei o Espírito Santo»): a Ascensão de Cristo e o Pentecostes.

A partir desta primeira parte, que fornece as coordenadas teológicas e históricas, a exposição abre-se para uma grande praça missionária, povoada por incontáveis figuras que se propuseram a «ir», a «ensinar» e a «batizar». Ali, sem indicações de tempo e de espaço, aparecem, lado a lado, figurações (retratos fotográficos ou representações iconográficas) de muitos missionários, dos mais aos menos conhecidos, de épocas históricas diferenciadas e de contextos geográficos distintos: Paulo de Tarso, Bento de Núrsia, Francisco de Assis, António de Lisboa, João de Brito, Francisco Xavier, António Vieira, Teresinha do Menino Jesus, João Paulo II, Teresa de Calcutá, Lúcia de Jesus, Manuel Teixeira, António de Andrade, António José de Sousa Barroso, José Allamano, Maria das Dores de Sande e Castro, Ana Maria Javouhey, Madalena Gabriela de Canossa, Daniel Comboni, Mary Jane Wilson, Teresa de Saldanha Oliveira e Sousa, Maria Isabel da Santíssima Trindade, Manuel da Nóbrega. Integram, ainda, esta plêiade incontável as figuras de António da Rocha, José Afonso Moreira e Idalina Gomes, portugueses assassinados em contexto missionário, o primeiro em 1987 e os dois últimos em 2006.

A constituição desta praça (núcleo 2: "Discípulos de Jesus Cristo: missionários ontem, hoje e sempre") pretende ainda que o visitante, ao sentir-se rodeado de missionários – ali dispostos em tamanho natural e com os quais o visitante pode quase dialogar (face a face) – se reveja no meio de uma multidão, na qual também se pode ver espelhado. O grafismo, que nalguns casos veste os missionários com roupagem moderna, e o recurso a outras estratégias cenográficas farão com que os missionários se vejam multiplicados.

Desta praça, o visitante parte para um novo núcleo ("Missão: em todo o tempo e lugar") onde se apresenta o concreto mundo de realizações missionárias no terreno, visualizando, através de um documentário propositadamente feito para a

exposição, as diversas realidades que a missão reveste: assistência espiritual, ensino, assistência social, promoção do outro… A projeção exibe também dados estatísticos relativos à ação missionária dos portugueses no mundo e mostra uma dimensão da atitude missionária no contexto pós-moderno, desfazendo algumas ideias preconcebidas relativamente ao mundo da missão.

O último núcleo é dedicado uma vez mais à interpelação do visitante, levando-o a tomar consciência de que a atitude missionária deriva da condição de batizados. Os objetos colocados neste núcleo ("Alarga o espaço da tua tenda: da fonte batismal para a missão") disso fazem eco: uma pia batismal, um círio, uma vela de batismo, âmbulas dos óleos administrados no batismo, uma concha batismal e uma veste branca. Se alguns destes objetos se encontram intimamente ligados a personalidades conhecidas pela sua ação missionária – a veste de Mary Jane Wilson, mulher ligada a um instituto missionário com ação determinante em Portugal e não só; o círio oferecido pelo Beato João Paulo II ao Santuário de Fátima –, alguns outros pertenceram a pessoas anónimas.

Este núcleo é ainda enquadrado pela carta "Para um rosto missionário da Igreja em Portugal", texto que os bispos portugueses escreveram sobre a missão, no ano de 2010, e prolongado, através do elemento simbólico da água, para um espaço de saída que coloca o visitante em ambiente mariano, estabelecendo ligação ao tema anual do Santuário de Fátima, extraído das Memórias da Irmã Lúcia e que prolonga, numa outra formulação literária, o mandato missionário: «quereis oferecer-vos a Deus?».

O espólio histórico e artístico que integra a exposição pertence ao Museu do Santuário de Fátima, ao Núcleo Museológico Mary Jane Wilson no Funchal, à Paróquia do Arrimal (diocese de Leiria-Fátima) e ao Tesouro-Museu da Sé de Braga e exibe expressões artísticas relacionadas com o mundo da missão.

A exposição, patente ao público todos os dias da semana, entre as 9h00 e as 19h00, encerrará a 31 de outubro de 2012 e será inaugurada pelo cardeal Gianfranco Ravasi, Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura.

Marco Daniel Duarte

Museu do Santuário de Fátima | Comissário da Exposição
Ficha técnica da exposição
Alarga o espaço da tua tenda (Is. 54,2). Exposição missionária
12 de maio de 2012 a 31 de outubro de 2012

Convivium de Santo Agostinho – Igreja da Santíssima Trindade (Santuário de Fátima)

Produção
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Institutos Missionários Ad Gentes

Animadores Missionários Ad Gentes

Obras Missionárias Pontifícias

Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima

Conteúdos |

Alberto Silva

António Farias

António Leite

Conceição Pena

João Cláudio Fernandes

Marco Daniel Duarte

Zeferino Policarpo

Comissariado e museologia |

Marco Daniel Duarte

Arquitetura |

M.ª Joana Delgado

Design |

Anna Kudelska

Pesquisa documental |

Ana Rita Santos; Sónia Vazão

Texto e locução de abertura |

Manuel Vilas-Boas

Filme-documentário |

Logomedia – Centro de Produção e Difusão Audiovisual

Espólio artístico |

Museu do Santuário de Fátima (MSF); Núcleo Museológico Mary Jane Wilson no Funchal; Paróquia do Arrimal, diocese de Leiria-Fátima; Tesouro-Museu da Sé de Braga (TMSB)

Tradução |

Traduvarius - Traduções e Edições, Lda.

Fotografia |

Luís Oliveira

Conservação e restauro |

Ana Rita Santos

Luminotecnia |

João Fazendeiro

Coordenação da montagem e manutenção |

Fernando Alves

Execução dos suportes expositivos |

José Mendes

Execução gráfica |

BigBrand

Acolhimento e vigilância |

Serviço de Promoção e Preservação do Ambiente; ANIMAG

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Espontaneidade mística


"Uma vez que retomamos o contato com nosso eu mais profundo, com um amor-próprio ordenado que é inseparável do amor de Deus e de Sua verdade, descobrimos que todo bem se desenvolve a partir de dentro de nós, crescendo da oculta profundeza do nosso ser segundo as normas concretas e existenciais formuladas pelo Espírito que nos é dado por Deus. Esta espontaneidade mística (que começa com a livre opção de fé e cresce com o nosso crescimento na caridade) dá o tom de toda a nossa vida moral."
The New Man, de Thomas Merton

domingo, 17 de junho de 2012

I hear Spring Breathing



 I hear Spring breathing softly,
her quiet respiration
rising and falling
through the heavy snowbanks
as they gurgle in the sunshine.

I hear the slow, steady intake
of mid-February air
stirring the awakening crocuses.

I hear the sigh
of the oak tree’s terminal buds,
warm wind stretching them out
beneath the turquoise sky.

I hear my own lungs
inhaling and exhaling
with renewed hope,
ready for the coming
of green and the shedding
of all that is grayed
with winter's feigned death.


Joyce Rupp

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Jesus...


Most loving Father,
we thank You for having brought us forth
from nothingness to become sharers in
the blessings of Your Divine Life.

In Christ and through His Spirit,
bring us to the humility needed
for our hearts to be filled
by Your self-giving love
that we too may participate
in renewing the face of the earth.
Amen.
Marie Bocko, OCDS

sexta-feira, 8 de junho de 2012

60 Anos da Vida religiosa da Ir. Angela Furian, SSpS


Sei em quem acreditei, Sua graça me ajudará a perseverar até ao fim!
2 Tim 1,12

Celebrar o Jubileu, depois de 60 anos, é poder dizer: “Como o Senhor é bom!”

Celebrar o jubileu é sempre celebrar um tempo de graça, da manifestação da bondade de Deus nas nossas vidas e o reconhecimento de tudo o que Ele operou em nós, especialmente na vida da Ir. Ângela.

 Se recordar é viver, então é bom recordar longos anos de vida e numerosos anos de vida religiosa. Os anos passam e os acontecimentos se somam uns aos outros. Muitos ficam na memória, outros se esquecem no passado.

 Que bom recordar: o dia 08 de Junho de 1952 foi o dia dos seus primeiros votos. Partiu para o Brasil no ano de 1958 e trabalhou nessa “terra de Santa Cruz” durante 26 anos. No ano de 1983 foi transferida para Roma e trabalhou lá 6 anos. Em 1989 veio para Portugal como fundadora da nova missão em Viseu.
 No ano de 2001 veio para Casal de Cambra até a atualidade.
 O apostolado que faz todos os dias sai do fundo do seu coração, da sua intimidade com Jesus, da sua escuta constante, do seu discernimento profundo...
Só um coração humilde, que se reconhece necessitado da graça, é capaz de se aproximar dos outros de uma maneira libertadora, anunciando Jesus com a sua vida.

 A Ir. Ângela dirige as suas palavras a todos, mesmo àqueles que não queiram escutar. Com insistência convida-os a irem ao encontro de Jesus. Procura ser voz dos que não têm voz, levanta os caídos na miséria, ajuda a dar sentido à vida. Pela sua presença...o amor espalha-se através de pequenos gestos de ternura e atenção dada ao longo dos dias. São pequenos atos que, humildes e pacientemente repetidos todos os dias, vão dando à vida um sentido novo e renovado, para que todos aqueles que procurem um caminho de Salvação descubram em Cristo a única via que conduz a Deus Pai.

Por estes motivos, reunimo-nos amanhã na Capela de casal de Cambra,  para uma celebração de ação de graças pelos 60 anos da Vida Religiosa da Ir. Ângela Furian. Agradecemos a Deus pelo Dom da Fidelidade, de anunciar o Reino de Deus que está presente entre nós. Quantos caminhos foram percorridos, quantas pessoas encontrou e encontra a Ir. Ângela na sua caminhada de vida. É com muito apreso que agora agradecemos todo o bem que semeou nesses 60 anos da sua vida na missão como missionária Serva do Espírito Santo.

Agradecemos a Deus por todas as pessoas que receberam Jesus por meio de suas mãos, suas palavras, sua atenção e seu testemunho.
Agradecemos a Deus pela força que teve e tem para enfrentar as adversidades da vida na missão. Agradecemos, por fim, por Senhor ter concedido à Ir. Ângela um coração generoso, doado e fiel.

terça-feira, 15 de maio de 2012


     Cardeal Ravasi - Homilia em Fátima (13.05. 2012)


Caros irmãos e irmãs,



há muitos anos, na minha juventude, estava também eu aqui no meio da grande multidão dos peregrinos numa jornada luminosa como esta. Sinto-me também hoje próximo de cada um de vós, com o olhar simples e espantado dos três pastorinhos Lúcia, Francisco e Jacinta, dirigido para a Mãe do Senhor, na escuta da sua voz. Ela envia-nos para a Palavra de Deus que ressoou agora nos nossos ouvidos e nos nossos corações, nesta solene liturgia. Escolhemos para a nossa reflexão um único símbolo que possa recolher na unidade a multiplicidade dos temas, dos pensamentos, das imagens que as três passagens bíblicas nos ofereceram [Apocalipse 21, 3-4, Romanos 12, 1-2, Mateus 12, 46-50].



É São Paulo que o propõe no fragmento da sua obra-prima teológica, a carta aos Romanos, acabado de proclamar. O Apóstolo diz literalmente, em grego: «Oferecei os vossos sómata, [os vossos] corpos a Deus». Eis o grande símbolo que está em nós e ao nosso lado, antes, que somos nós próprios e os nossos irmãos e irmãs. De facto, o corpo não é só um aglomerado de células, um organismo biológico, mas é a sede da nossa alma, da consciência, da mente; é a via para comunicar a alegria e o amor mas também a dor e o ódio; é «o templo do Espírito Santo», como dirá aos cristãos de Corinto o mesmo Paulo (1 Cor 6, 19), mas é também um santuário que pode ser dessacralizado pelo pecado.



Infelizmente, na sociedade contemporânea, são os corpos sem alma a dominar, tornando-se carne sem espírito, ora adorada ora desprezada. Tinham razão os indígenas brasileiros que disseram ao escritor alemão Michael Ende: «nestes últimos tempos, andamos para a frente tão rapidamente como progresso que temos de parar um pouco para permitir às nossas almas atingir-nos». Ora bem, o corpo é uma arquitetura admirável que tem sobretudo no rosto a via para se abrir ao mundo e ao próximo. Procuremos, então, contemplar o rosto em alguns dos seus traços essenciais.



O apóstolo Paulo, seguindo sempre as suas palavras gregas originais, introduz logo a seguir o nous, isto é a mente que tem na fronte e no cérebro a sua representação física. É o pensamento, a razão, o conhecimento. Como dizia o grande crente, filósofo e cientista Pascal, é esta a nossa dignidade mas também o nosso risco. Escrevia: «Dois são os excessos: excluir a razão, admitir apenas a razão». E continuava: «Empenhar-se em pensar bem é este o princípio da moral... Mas o último passo da razão é reconhecer que há uma infinidade de coisas que a ultrapassam».



Na cultura contemporânea, que é muitas vezes fluida, inconsistente, semelhante a uma neblina que não conhece pontos firmes morais e luzes de verdade, o Apóstolo convida-nos a não nos «conformarmos com este mundo», navegando na superfície, à deriva, sem refletir e interrogar, sem procurar e julgar. Paulo, ao contrário, exorta-nos a «transformar-nos», tende a mente fixa no que «é bom, agradável a Deus e perfeito».



No rosto brilham os olhos: eles aparecem no texto fulgurante do Apocalipse que escutamos. A cena é emocionante e João retira-a do profeta Isaías: na cidade da esperança, a nova Jerusalém, Deus passará diante de todos os homens e mulheres e, quando vir as lágrimas descer dos seus olhos, irá ele mesmo enxugá-las. E das estradas daquela cidade logo fugirão todas as tristes presenças que infelizmente neste momento se alojam ainda em Fátima, em todas as cidades e vilas de Portugal, nas nações das quais provêm os peregrinos, nas extremas terras desoladas da Ásia ou da África, nas metrópoles caóticas.



Estes terríveis habitantes chamam-se «Morte, Luto, Lamento, ânsia». Muitos de nós viemos aqui com olhos velados de choro. Um antigo poeta grego, Ésquilo, exclamava: «Infinita é a respiração da dor que sobe da terra ao céu. Existirá um deus que a recolha?». A sua pergunta cética não tinha resposta: Nós, ao contrário, apresentamos a nossa secreta bagagem de sofrimentos, de doenças, de mal, de pecado, de solidão, de incompreensões a Maria para que a entregue ao seu Filho. E Ele descerá ainda ao meio de nós para cancelar, certamente alguma lágrima, mas sobretudo para trazer sobre si connosco este peso, caminhando ao nosso lado pelas estradas da nossa vida quotidiana.



Muitas vezes cobrimos a cara com as mãos para esconder o choro ou a vergonha ou para nos isolarmos na meditação. Ora bem, depois de mente e dos olhos, as mãos são o terceiro sinal corporal que encontramos na Palavra de Deus desta liturgia. É na cena evangélica que mostra, quase escondida entre a multidão a escutar Jesus, também a sua mãe Maria. Cristo estende a mão para os discípulos e define o vínculo íntimo que o une à sua mãe e a todos nós. É o enlaçar das mãos. E logo a seguir afirma: «Quem faz a vontade do meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe».



«Fazer», operar é o verbo típico das mãos. Não devemos ter medo de sujar as mãos, ajudando os miseráveis da terra: para que servirá ter as mãos limpas, se as temos no bolso? Um autor espiritual, Thomas Merton, afirmava: «A vida escapa-nos das mãos, pode escapar como areia árida ou como semente fecunda de obras justas». O aperto de mãos que nos daremos como sinal de paz seja a promessa de fraternidade operativa, cumprindo «a vontade do Pai que está nos céus». Fazendo assim, daremos a nossa mão ao próprio Deus e, como dizia o escritor francês Julien Green, «quando se dá a mão a Deus, ele não larga facilmente a presa».



O corpo, a mente, os olhos, as mãos: estes símbolos que estão em nós próprios falem sempre aos nossos corações e orientem a nossa vida, sob o olhar de Maria e do seu Filho Jesus. Lembremo-nos uns dos outros, unidos na mesma fé e na comunhão de afetos, para além das distâncias e das dificuldades das línguas. Esta noite, regressado a Roma, da minha janela que dá para a basílica e a cúpula de São Pedro e para a residência do Papa Bento XVI, do qual sou colaborador, confiarei a Deus o nosso encontro. Ele, que conhece cada rosto das suas criaturas, vos abençoe e ponha ao vosso lado um «anjo da guarda à noite transparente», como cantava de Fátima o vosso poeta Vitorino Nemésio. E, a cada um de vós, Maria refaça a promessa dirigida à Lúcia: «Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá a Deus».