sexta-feira, 13 de abril de 2012

Meu Senhor e Meu Deus

Evangelho de S. João: 20,19-31

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 20, 19-31)
19 Ao entardecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, com medo das autoridades judaicas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!». 20 Dito isto mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor. 21 E Ele voltou a dizer-lhes: «A paz seja convosco! Assim como Pai me enviou, também Eu vos envio a vós». 22 Em seguida, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. 23 Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos». 24 Tomé, um dos Doze, a quem chamavam o Gémeo, não estava com eles quando Jesus veio. 25 Diziam-lhe os outros discípulos: «Vimos os Senhor!». Mas ele respondeu-lhes: «Se eu não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no seu lado, não acredito».
26 Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez dentro de casa e Tomé com eles.
Estando as portas fechadas, Jesus veio, pôs-se no meio deles e disse: «A paz seja convosco!». 27 Depois disse a Tomé: «Olha as minhas mãos: chega cá o teu dedo! Estende a tua mão e põe-na no meu peito. E não sejas incrédulo, mas fiel!». 28 Tomé respondeu-lhe: «Meu Senhor e meu Deus!». 29 Disse-lhe Jesus: «Porque me viste acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto!». 30 Muitos outros sinais miraculosos realizou ainda Jesus, na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. 31 Estes, porém, foram escritos para crerdes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e, crendo, tenhais a vida nele.

Palavra da Salvação


Tomé, um dos Doze, a quem chamavam o Gémeo: Tomé é um dos protagonistas do
IV Evangelho, onde se põe em evidência o seu carácter duvidoso e inclinado ao desânimo (Jo 11, 16; 14, 5). “Um dos doze” é já uma frase feita (Jo 6, 71), porque na realidade eram onze. Nós podemos ser “gémeos” com ele por causa da dificuldade em acreditar em Jesus, Filho de Deus, morto e ressuscitado. Vimos o Senhor: já antes André, João e Filipe, tendo encontrado o Messias,
correram a anunciar aos outros (Jo 1, 41-45). Agora é o anúncio oficial por parte das testemunhas oculares (Jo 20, 18). Se eu não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no seu lado, não acredito: Tomé não consegue crer através
das testemunhas oculares. Quer fazer a sua experiência. O evangelho é consciente da dificuldade de qualquer um em acreditar na Ressurreição (Lc 24, 34-40; Mc 16, 11; 1Cor 15, 5-8), especialmente os que não viram o Senhor.

Tomé é o seu (nosso) intérprete. Ele está disposto a acreditar, mas quer resolver pessoalmente toda a dúvida, por medo de errar. Jesus não vê em Tomé um céptico indiferente, mas um homem que procura a verdade e satisfá-lo plenamente. É portanto a ocasião para lançar uma apreciação para os futuros crentes (versículo 29). Olha as minhas mãos: chega cá o teu dedo! Estende a tua mão e põe-na no meu peito. E não sejas incrédulo, mas fiel: Jesus repete as palavras de Tomé, entra em diálogo com ele, entende as suas dúvidas e quer ajudá-lo. Jesus sabe que é amado por Tomé e tem compaixão, porque todavia não goza da paz que vem da fé. Ajuda-o a progredir na fé.
Meu Senhor e meu Deus: é a profissão de fé no Ressuscitado e na sua divindade como é também
proclamado no começo do evangelho de João (Jo 1, 1). No Antigo Testamento “Senhor” e “Deus” correspondem respectivamente a “Jahvé” e a “Eloim” (Sal 35, 23-24; Ap 4, 11). É a profissão da fé pascal na divindade de Jesus mais explícita e directa. No ambiente judaico adquiria maior valor, enquanto que se aplicavam a Jesus textos que se referem a Deus. Jesus não corrige as palavras
de Tomé, como corrigiu as dos judeus que o acusavam de querer fazer-se “igual a Deus” (Jo 5, 18ss), aprovando assim o reconhecimento da sua divindade. Porque me viste acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto: Jesus não suporta os que estão em busca de sinais e prodígios para acreditar (Jo 4, 48) e parece reprovar Tomé. Encontramos aqui uma passagem para
uma fé mais autêntica, um “caminho de perfeição” para uma fé a que se deve chegar também sem as pretensões de Tomé, a fé aceite como dom e acto de confiança. Como a fé exemplar dos nossos pais (Ap 11) e como a de Maria (Lc 1, 45). A nós, que estamos a mais de dois mil anos de distância da vinda de Jesus, é-nos dito que, ainda que não o tenhamos visto, podemos amá-lo e acreditando n'Ele podemos exultar de um “gozo indizível e glorioso” (1Pe 1, 8).

Estes (sinais), porém, foram escritos para crerdes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e, crendo, tenhais a vida nele: o IV Evangelho, como os outros, não tem a finalidade de escrever a vida completa de Jesus, mas somente demonstrar que Jesus era o Cristo, o Messias esperado, o Libertador e que era Filho de Deus. Acreditando n'Ele temos a vida eterna. Se Jesus não é Deus é vã a nossa fé!


Oração final
Dou-te graças, Jesus, meu Senhor, que me amaste e chamaste, e me tornaste digno de ser teu discípulo, que me deste o Espírito, o mandato de anunciar e testemunhar a tua ressurreição, a misericórdia do Pai, a salvação e o perdão para todos os homens e mulheres do mundo. Verdadeiramente Tu és o caminho, a verdade e a vida, aurora sem ocaso, sol de justiça e de paz. Faz que permaneça no teu amor, unido como o sarmento à vide, dá-me a tua paz, de modo que possa superar as minhas debilidades, enfrentar as minhas dúvidas, responder ao teu chamamento e viver plenamente a missão que me confiaste, louvando-te para sempre. Tu que vives e reinas pelos séculos dos séculos. Amen

Ordem do Carmo em Portugl

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