segunda-feira, 21 de julho de 2008

CONFIRMAM-SE OS RUMORES: JORNADA DA JUVENTUDE DE 2011 SERÁ EM MADRI


A Espanha já havia acolhido este evento em 1989, em Santiago de Compostela

SYDNEY, domingo, 20 de julho de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI confirmou os rumores: ao final da XXIII Jornada Mundial da Juventude, o Papa marcou o próximo encontro com os jovens do mundo em Madri, no ano de 2011.

«Chega agora o momento de vos dizer adeus, ou melhor, até logo. Agradeço-vos por terem participado na Jornada Mundial da Juventude de 2008, aqui em Sydney, e espero que voltemos a nos ver em três anos», disse o Papa em sua despedida.

«A Jornada Mundial da Juventude de 2001 acontecerá em Madri, na Espanha». Os milhares de espanhóis explodiram em gritos e aplausos, alçando bandeiras vermelhas e amarelas.
«Até este momento…», começou a dizer o Papa, mas teve que para, sorrindo, pois os gritos não cessavam. «Até este momento – continuou –, recebemos uns aos outros, e demos ao mundo um alegre testemunho de Cristo. Que Deus vos abençoe».
A Espanha, na cidade de Santiago de Compostela, já tinha acolhido a Jornada Mundial da Juventude em 1989, presidida por João Paulo II e com a participação de meio milhão de jovens.

Era o terceiro lugar no qual foi celebrado um encontro com essas características, depois de Roma e Buenos Aires.
O arcebispo de Santiago de Compostela era então Dom Antonio María Rouco, que acolherá pela segunda vez uma Jornada Mundial da Juventude, mas agora como cardeal e arcebispo da capital espanhola.

BENTO XVI: ENCONTRO COM JOVENS EM SYDNEY, «UM NOVO PENTECOSTES»


Pede aos católicos de todo o mundo que se unam «espiritualmente» à JMJ

Por Inmaculada Álvarez
CASTEL GANDOLFO, domingo, 6 de julho de 2008 (ZENIT.org).- A próxima Jornada Mundial da Juventude será para toda a Igreja «como um renovado Pentecostes», afirmou hoje o Papa Bento XVI, em sua alocução anterior à oração do Angelus, com os peregrinos reunidos no Pátio interior do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo.
O Papa insistiu em várias ocasiões, antes e depois do Angelus, na importância de que os católicos de todo o mundo se «unam espiritualmente» à JMJ.

«Convido toda a Igreja a sentir-se participante desta nova etapa da grande peregrinação dos jovens através do mundo, iniciada em 1985 pelo Servo de Deus João Paulo II», exortou.
«Estou seguro de que desde todos os extremos da terra os católicos se unirão a mim e aos jovens reunidos, como em um Cenáculo, em Sydney, invocando intensamente o Espírito Santo, para que inunde os corações de luz interior, de amor a Deus e aos irmãos, de valente iniciativa para introduzir a eterna mensagem de Jesus na diversidade de línguas e culturas», acrescentou em outro momento.

Inclusive, nas saudações em diferentes línguas, ao final do encontro, voltou a insistir aos peregrinos na importância desta «participação espiritual» de toda a Igreja em Sydney.
O Papa se referiu ao lema do encontro, «Recebereis a força do Espírito Santo que descerá sobre vós e sereis minhas testemunhas», sobre o que «já há um ano as comunidades cristãs se preparam» para o grande encontro na Austrália.

«É a promessa que Jesus fez a seus discípulos depois da ressurreição, e que permanece sempre válida e atual na Igreja: o Espírito Santo, esperado e acolhido na oração, infunde nos fiéis a capacidade de ser testemunhas de Jesus e de seu Evangelho».

«Soprando na vela da Igreja, o Espírito divino impulsiona a «remar mar adentro» sempre de novo, de geração em geração, para levar a todos a boa notícia do amor de Deus, revelado plenamente em Cristo Jesus, morto e ressuscitado por nós», acrescentou o Papa.
Bento XVI assegurou que seu pensamento «já está na Austrália», e aproveitou o momento para agradecer a todos os que estão contribuindo nos preparativos, especialmente à Conferência Episcopal australiana e às autoridades civis.

Por último, o Papa fez uma breve reflexão sobre dois dos sinais das Jornadas Mundiais, que sempre estão presentes nestas celebrações: a Cruz dos jovens e o ícone da Virgem.
«Nos meses passados, a “Cruz dos jovens” atravessou toda Oceania, e em Sydney uma vez mais será testemunha silenciosa do pacto de aliança entre o Senhor Jesus Cristo e as novas gerações».
Junto à Cruz, acrescentou o Papa, o «ícone da Virgem Maria acompanha as Jornadas Mundiais da Juventude. A sua maternal proteção confiamos esta viagem à Austrália e o encontro dos jovens em Sydney».

PRESIDIÁRIAS COMPARTILHAM EXPERIÊNCIA DA JMJ

Assim como os jovens peregrinos, elas descobrem a «lectio divina»

Por Anthony Barich
SYDNEY, sábado, 19 de julho de 2008 (ZENIT.org).- Um monge beneditino britânico, Pe. Laurence Freeman, levou a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) a uma prisão feminina de Sydney, dirigindo a antiga forma de meditação cristã típica dos monges, a lectio divina, entre presidiárias.
Antes do início da Jornada, a Cruz da JMJ visitou o Centro Penitenciário de Mulheres de Silverwater Women's Correccional, onde há mulheres que seguem esse estilo de oração há 6 anos.
«Os guardas e as autoridades penitenciárias, segundo o capelão, sublinham que as mulheres que fazem essa meditação demonstram uma melhoria real em seu comportamento e em seu estado geral», explica o Pe. Freeman. A lectio divina consiste na leitura orante da Bíblia.
«Com freqüência, falta um pouco de ânimo, pois muitas detidas ficaram traumatizadas ou sofreram abusos, mas depois de algumas sessões de meditação, produz-se o que São Paulo chama de frutos do Espírito: amor, paz, paciência, autocontrole. São experiências interiores, e não tanto algo que pode ver-se externamente.»
O Pe. Freeman afirma que as detentas «estão recebendo uma autêntica assistência e atenção, assim como uma guia espiritual; e nesse contexto, a meditação consegue ter um significado para elas.»
O beneditino pensou, há alguns meses, que, dado que a JMJ envolveria toda a cidade de Sydney, também as detidas deveriam poder ter a possibilidade de experimentar essa mesma obra do Espírito Santo.
«Nós gostaríamos de ter certeza de que elas entrariam em contato com a Jornada – diz ele, explicando o motivo da visita. Enquanto estávamos aqui sentados, em meditação com elas, sentíamos que estávamos no coração da Igreja, que não está necessariamente onde o Papa e os cardeais se encontram fisicamente, e sim também nos pobres, nos que sofrem, nas pessoas esquecidas.»

Momentos de graça
Os jovens também puderam desfrutar das sessões de meditação, baseadas na espiritualidade beneditina.
«A compreensão cristã da meditação consiste em que o Espírito Santo está vivo no centro do nosso ser, do nosso coração, e ser fortalecidos por isso não é somente algo que vem de fora, mas que desperta nosso interior», diz o Pe. Freeman. «Espero que tanto os peregrinos da JMJ quanto as detentas possam experimentar isso.»
A comunidade de meditação cristã ofereceu sessões aos jovens na igreja de Paddington Uniting, na rua Oxford.
Seguindo o convite de Bento XVI a procurar um tempo para a reflexão durante a euforia da jornada juvenil, o cardeal Geroge Pell, arcebispo de Sydney, afirmou que esse centro de meditação cristã poderia ser precisamente aquilo de que os peregrinos precisam.
«Muitas graças tocarão suas vidas nestes dias – disse o purpurado aos peregrinos, em uma visita ao grupo de meditação. Rezo para que as graças da oração contemplativa toquem também nosso coração e o enriqueçam para o resto de nossas vidas.»
«O tempo passado em silêncio no centro da meditação cristã pode ser um momento para que vocês recebam esta graça.»
O Pe. Freeman reconhece que a lectio divina está vivendo um revival, convertendo-se em uma alternativa à moda da meditação budista.

COMOVENTE PEDIDO DE PERDÃO DO PAPA PELOS ABUSOS SEXUAIS


Testemunhos dos que o ouviram

Por Anthony Barich
SYDNEY, sábado, 19 de julho de 2008 (ZENIT.org).- Os que foram testemunhas do pedido de perdão de Bento XVI às vítimas de abusos sexuais cometidos por sacerdotes não ocultaram sua comoção.

Ao celebrar a Eucaristia, na manhã de hoje, na catedral de Santa Maria, o Papa disse: «Eu estou realmente muito triste pela dor e pelo sofrimento suportados pelas vítimas e lhes asseguro que, como seu Pastor, compartilho o seu sofrimento».
E acrescentou: «Esses delitos, que constituem uma grave traição à confiança, devem ser condenados de forma inequívoca. Eles provocaram uma grande dor e afetaram o testemunho da Igreja» (cf. Zenit, 19 de julho de 2008).
Lorena Portocarrero, de 25 anos, leiga consagrada que esteve na 5ª fila na catedral de Santa Maria quando o Papa pronunciou estas palavras, garantiu à Zenit que não resta a menor dúvida de que ele realmente se sentia mortificado por esses atos perpetrados por outras pessoas.
«Ele parecia realmente compungido e insistiu em que compreende a dor dessas pessoas», afirma Portocarrero, que faz parte da Comunidade Mariana da Reconciliação, em Sydney.
«Ele demonstrou muita humildade e falou de coração – disse. Eu me sentia feliz e triste ao mesmo tempo. Sinto-me contente porque o chefe da Igreja é capaz de pedir perdão às pessoas pelos abusos dos membros da Igreja, que causam dano a pessoas às quais deveriam servir.»
John Paul Escarlan, de 24 anos, estudante no seminário do Espírito Santo em Parramatta (Sydney), considera que as palavras do Papa «são uma forma de recordar que não podemos trair a confiança das pessoas às quais devemos servir».
«O que ele disse me comoveu – admite Escarlan. Ainda que o papa não tenha cometido esses abusos, para mim foi impressionante a humildade que ele nos manifestou.»
«O mais importante que se pode fazer é pedir perdão às vítimas que ficaram feridas por alguém da Igreja», conclui o seminarista.

HOMILIA DO PAPA NA MISSA DE ENCERRAMENTO DA JMJ

SYDNEY, domingo, 20 de julho de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos a homilia de Bento XVI na missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude de Sydney, no hipódromo de Randwick, na manhã deste domingo.

CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA PARA A XXIII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
HOMILIA DO SANTO PADRE BENTO XVI


Hipódromo de RandwickDomingo, 20 de Julho de 2008

Queridos amigos,
«Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós» (Act 1, 8). Vimos hoje cumprida esta promessa. No dia de Pentecostes, como ouvimos na primeira leitura, o Senhor ressuscitado, sentado à direita do Pai, enviou o Espírito sobre os discípulos reunidos no Cenáculo. Com a força deste Espírito, Pedro e os Apóstolos foram pregar o Evangelho até aos confins da terra. Em cada idade e nas mais diversas línguas, a Igreja continua a proclamar pelo mundo inteiro as maravilhas de Deus, convidando todas as nações e povos a abraçar a fé, a esperança e a nova vida em Cristo.

Nestes dias, vim também eu como Sucessor de Pedro a esta maravilhosa terra da Austrália. Vim para confirmar-vos, meus jovens irmãos e irmãs, na vossa fé e abrir os vossos corações ao poder do Espírito de Cristo e à riqueza dos seus dons. Rezo para que esta grande assembleia, que congrega jovens «de todas as nações que há debaixo do céu» (Act 2, 5), se torne um novo Cenáculo. Que o fogo do amor de Deus desça sobre os vossos corações e os encha, a fim de vos unir cada vez mais ao Senhor e à sua Igreja e enviar-vos, como nova geração de apóstolos, para levar o mundo a Cristo.

«Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós». Estas palavras do Senhor ressuscitado revestem-se de um significado particular para os jovens que vão ser confirmados, marcados com o dom do Espírito Santo, durante esta Santa Missa. Mas, tais palavras são dirigidas também a cada um de nós, isto é, a todos aqueles que receberam o dom do Espírito de reconciliação e da nova vida no Baptismo, que O acolheram nos seus corações como sua força e guia na Confirmação e que crescem diariamente nos seus dons de graça por meio da Sagrada Eucaristia. De facto, em cada Missa o Espírito Santo, invocado na oração solene da Igreja, desce novamente não só para transformar os nossos dons do pão e do vinho no Corpo e no Sangue do Senhor, mas também para transformar as nossas vidas fazendo de nós, com a sua força, «um só corpo e um só espírito em Cristo».

Mas, o que é este «poder» do Espírito Santo? É o poder da vida de Deus. É o poder do mesmo Espírito que pairou sobre as águas na alvorada da criação e que, na plenitude dos tempos, levantou Jesus da morte. É o poder que nos conduz, a nós e ao nosso mundo, para a vinda do Reino de Deus. No Evangelho de hoje, Jesus anuncia que começou uma nova era, na qual o Espírito Santo será derramado sobre a humanidade inteira (cf. Lc 4, 21). Ele próprio, concebido por obra do Espírito Santo e nascido da Virgem Maria, veio habitar entre nós para nos trazer este Espírito. Como fonte da nossa vida nova em Cristo, o Espírito Santo é também, de modo profundamente verdadeiro, a alma da Igreja, o amor que nos une ao Senhor e entre nós e a luz que abre os nossos olhos para verem as maravilhas da graça de Deus ao nosso redor.
Aqui na Austrália, nesta grande «Terra Austral do Espírito Santo», tivemos todos uma inesquecível experiência da presença e da força do Espírito na beleza da natureza. Os nossos olhos abriram-se para contemplar o mundo circundante tal como verdadeiramente é: «repleto – como disse o poeta – da grandeza de Deus», cheio da glória do seu amor criador. Também aqui, nesta grande assembleia de jovens cristãos vindos de todo o mundo, tivemos uma experiência concreta da presença e da força do Espírito na vida da Igreja. Vimos a Igreja na profunda verdade do seu ser: Corpo de Cristo, comunidade viva de amor, que engloba pessoas de toda a raça, nação e língua, de todos os tempos e lugares, na unidade que brota da nossa fé no Senhor ressuscitado.

A força do Espírito não cessa jamais de encher de vida a Igreja. Através da graça dos sacramentos dela, esta força flui também no nosso íntimo como um rio subterrâneo que alimenta o espírito e nos atrai e aproxima cada vez mais da fonte da nossa verdadeira vida, que é Cristo. Santo Inácio de Antioquia, que foi martirizado no início do século II, deixou-nos uma esplêndida descrição desta força do Espírito que habita dentro de nós. Falou do Espírito como de uma nascente de água viva que brotava no seu coração e lhe sussurrava: «Vem, vem para o Pai!» (cf. Aos Romanos 6, 1-9).

No entanto esta força, a graça do Espírito, não é algo que possamos merecer ou conquistar; podemos apenas recebê-la como puro dom. O amor de Deus pode propagar a sua força, somente quando lhe permitimos que nos mude a partir de dentro. Temos de O deixar penetrar na crosta dura da nossa indiferença, do nosso cansaço espiritual, do nosso cego conformismo com o espírito deste nosso tempo. Só então nos será possível consentir-Lhe que acenda a nossa imaginação e plasme os nossos desejos mais profundos. Eis o motivo por que é tão importante a oração: a oração diária, a oração privada no recolhimento dos nossos corações e diante do Santíssimo Sacramento e a oração litúrgica no coração da Igreja. A oração é pura receptividade à graça de Deus, amor em acto, comunhão com o Espírito que habita em nós e nos conduz através de Jesus, na Igreja, ao nosso Pai celeste. Na força do seu Espírito, Jesus está sempre presente nos nossos corações, esperando serenamente que nos acomodemos em silêncio junto d’Ele para ouvir a sua voz, permanecer no seu amor e receber a «força que vem do Alto», uma força que nos habilita a ser sal e luz para o nosso mundo.

Na sua Ascensão, o Senhor ressuscitado disse aos seus discípulos: «Sereis minhas testemunhas (…) até aos confins do mundo» (Act 1, 8). Aqui, na Austrália, damos graças ao Senhor pelo dom da fé que chegou até nós como um tesouro transmitido de geração em geração na comunhão da Igreja. Aqui, na Oceânia, damos graças de modo especial por todos os heróicos missionários, sacerdotes e religiosos diligentes, pais e avós cristãos, professores e catequistas que edificaram a Igreja nestas terras. Testemunhas como a Beata Mary MacKillop, São Peter Chanel, o Beato Peter To Rot e muitos outros. A força do Espírito, que se revelou nas suas vidas, está ainda em acção nas beneméritas iniciativas que deixaram, na sociedade que plasmaram e que agora é entregue a vós.

Amados jovens, permiti que vos ponha agora uma questão. E vós o que é que deixareis à próxima geração? Estais a construir as vossas vidas sobre alicerces firmes, estais a construir algo que há-de durar? Estais a viver a vossa existência de modo a dar espaço ao Espírito no meio dum mundo que quer esquecer Deus ou mesmo rejeitá-Lo em nome de uma falsa noção de liberdade? Como estais a usar os dons que vos foram dados, a «força» que o Espírito Santo está pronto, mesmo agora, a derramar sobre vós? Que herança deixareis aos jovens que virão? Qual será a diferença impressa por vós?

A força do Espírito Santo não se limita a iluminar-nos e a consolar-nos; orienta-nos também para o futuro, para a vinda do Reino de Deus. Que magnífica visão duma humanidade redimida e renovada entrevemos na nova era prometida pelo Evangelho de hoje! São Lucas diz-nos que Jesus Cristo é o cumprimento de todas as promessas de Deus, o Messias que possui em plenitude o Espírito Santo para comunicá-Lo à humanidade inteira. A efusão do Espírito de Cristo sobre a humanidade é um penhor de esperança e de libertação contra tudo aquilo que nos depaupera. Tal efusão dá nova vista ao cego, manda livres os oprimidos, e cria unidade na e com a diversidade (cf. Lc 4, 18-19; Is 61, 1-2). Esta força pode criar um mundo novo, pode «renovar a face da terra» (cf. Sal 104, 30).

Uma nova geração de cristãos, revigorada pelo Espírito e inspirando-se a uma rica visão de fé, é chamada a contribuir para a edificação dum mundo onde a vida seja acolhida, respeitada e cuidada amorosamente, e não rejeitada nem temida como uma ameaça e, consequentemente, destruída. Uma nova era em que o amor não seja ambicioso nem egoísta, mas puro, fiel e sinceramente livre, aberto aos outros, respeitador da sua dignidade, um amor que promova o bem de todos e irradie alegria e beleza. Uma nova era na qual a esperança nos liberte da superficialidade, apatia e egoísmo que mortificam as nossas almas e envenenam as relações humanas. Prezados jovens amigos, o Senhor está a pedir-vos que sejais profetas desta nova era, mensageiros do seu amor, capazes de atrair as pessoas para o Pai e construir um futuro de esperança para toda a humanidade.

O mundo tem necessidade desta renovação. Em muitas das nossas sociedades, ao lado da prosperidade material vai crescendo o deserto espiritual: um vazio interior, um medo indefinível, uma oculta sensação de desespero. Quantos dos nossos contemporâneos escavaram para si mesmos cisternas rotas e vazias (cf. Jer 2, 13) à procura desesperada de sentido, daquele sentido último que só o amor pode dar!? Este é o dom grande e libertador que o Evangelho traz consigo: revela a nossa dignidade de mulheres e homens criados à imagem e semelhança de Deus; revela a sublime vocação da humanidade, que é a de encontrar a própria plenitude no amor; desvenda a verdade sobre o homem, a verdade sobre a vida.

Também a Igreja tem necessidade desta renovação. Precisa da vossa fé, do vosso idealismo e da vossa generosidade, para poder ser sempre jovem no Espírito (cf. Lumen gentium, 4). Na segunda leitura de hoje, o apóstolo Paulo recorda-nos que todo o indivíduo cristão recebeu um dom, que deve ser usado para edificar o Corpo de Cristo. A Igreja tem uma especial necessidade do dom dos jovens, de todos os jovens. Ela precisa de crescer na força do Espírito, que agora mesmo vos enche de alegria a vós, jovens, e vos inspira a servir o Senhor com entusiasmo. Abri o vosso coração a esta força. Dirijo este apelo de forma especial àqueles que o Senhor chama à vida sacerdotal e consagrada. Não tenhais medo de dizer o vosso «sim» a Jesus, de encontrar a vossa alegria na realização da sua vontade, entregando-vos completamente para chegardes à santidade e pondo os vossos talentos a render para o serviço dos outros.

Daqui a pouco celebraremos o sacramento da Confirmação. O Espírito Santo descerá sobre os candidatos; estes serão «marcados» com o dom do Espírito e enviados para ser testemunhas de Cristo. Que significa receber o «selo» do Espírito Santo? Significa ficar indelevelmente marcados, inalteravelmente mudados, significa ser novas criaturas. Para aqueles que receberam este dom, nada mais pode ser como antes. Ser «baptizados» no Espírito significa ser incendiados pelo amor de Deus. «Beber» do Espírito (cf. 1 Cor 12, 13) significa ser refrescado pela beleza do plano de Deus sobre nós e o mundo, e tornar-se por sua vez uma fonte de refrigério para os outros. Ser «selados com o Espírito» significa além disso não ter medo de defender Cristo, deixando que a verdade do Evangelho permeie a nossa maneira de ver, pensar e agir, enquanto trabalhamos para o triunfo da civilização do amor.

Ao elevar a nossa oração pelos confirmandos, pedimos também que a força do Espírito Santo reavive a graça da Confirmação em cada um de nós. Oxalá o Espírito derrame os seus dons em abundância sobre todos os presentes, sobre a cidade de Sidney, sobre esta terra da Austrália e sobre todo o seu povo. Que cada um de nós seja renovado no espírito de sabedoria e de entendimento, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de ciência e de piedade, espírito de santo temor de Deus.
Pela amorosa intercessão de Maria, Mãe da Igreja, que esta 23.ª Jornada Mundial da Juventude seja vivida como um novo Cenáculo, para que todos nós, inflamados no fogo do amor do Espírito Santo, possamos continuar a proclamar o Senhor ressuscitado atraindo para Ele todos os corações. Amen.

Tradução ao português difundida pela Santa Sé
© Copyright 2008 - Libreria Editrice Vaticana
ZP08071911 - 19-07-2008Permalink: http://www.zenit.org/article-19092?l=portuguese

CONVITE DE DEUS A MARIA


Angelus na Jornada Mundial da Juventude

SYDNEY, domingo, 20 de julho de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos as palavra que Bento XVI pronunciou antes e depois da oração do Angelus, ao meio-dia deste domingo, no hipódromo de Randwick, em Sydney, após a missa de encerramento da JMJ.
ANGELUS
Hipódromo de RandwickDomingo, 20 de Julho de 2008
Prezados jovens amigos,
Preparamo-nos agora para rezar juntos a oração encantadora do Angelus. Nela reflectiremos sobre Maria, jovem mulher em diálogo com o Anjo que, em nome de Deus, A convida a uma particular doação de Si mesma, da sua vida, do seu próprio futuro de mulher e mãe. Podemos imaginar como deveria sentir-Se Maria naquele momento: cheia de trepidação, totalmente baralhada com a perspectiva que Lhe foi apresentada.
O Anjo compreendeu a sua ansiedade e logo procurou tranquilizá-La: «Não tenhas receio, Maria (…). O Espírito Santo virá sobre Ti e a força do Altíssimo estenderá sobre Ti a sua sombra» (Lc 1, 30.35). Foi o Espírito que Lhe deu a força e a coragem para responder ao chamamento do Senhor. Foi o Espírito que A ajudou a compreender o grande mistério que estava para se realizar por meio d’Ela. Foi o Espírito que A envolveu com o seu amor, tornando-A capaz de conceber no seu ventre o Filho de Deus.
Esta cena constitui talvez o momento cardinal na história do relacionamento de Deus com o seu povo. Ao longo do Antigo Testamento, Deus fora-Se revelando de forma parcial mas gradual, como todos fazemos nas nossas relações pessoais. Foi preciso tempo para que o povo eleito aprofundasse a sua relação com Deus. A Aliança com Israel foi uma espécie de período de galanteio, um longo namoro. Chegou depois o momento definitivo, o momento do matrimónio, a realização duma nova e eterna aliança. Naquele momento, Maria, diante do Senhor, representava toda a humanidade: na mensagem do Anjo, era Deus que fazia uma proposta de matrimónio à humanidade; e Maria, em nosso nome, disse sim.
Nas fábulas, a narração termina aqui: e todos, «desde então, viveram felizes e contentes». Na vida real, não é tão fácil… Foram muitas as dificuldades com que Maria Se debateu ao enfrentar as consequências daquele «sim» dito ao Senhor. Simeão profetizou que uma espada haveria de trespassar-Lhe o coração. Quando Jesus tinha doze anos, Ela experimentou os piores íncubos que um progenitor pode viver: durante três dias, teve de aguentar o extravio do Filho. E, depois da actividade pública de Jesus, Ela sofreu a agonia de presenciar a sua crucifixão e morte. Através das várias provações, manteve-Se sempre fiel à sua promessa, sustentada pelo Espírito de fortaleza. E foi por isso mesmo recompensada com a glória.
Queridos jovens, também nós devemos permanecer fiéis ao «sim» com que acolhemos a oferta de amizade feita pelo Senhor. Sabemos que Ele nunca nos abandonará. Sabemos que sempre nos apoiará com os dons do Espírito. A «proposta » do Senhor, Maria acolheu-a em nosso nome. E agora, voltemo-nos para Ela e peçamos-Lhe que nos guie no meio das dificuldades para permanecermos fiéis àquele relacionamento vital que Deus estabeleceu com cada um de nós. Maria é o nosso exemplo e a nossa inspiração. Que Ela interceda por nós junto do seu Filho e, com amor materno, nos proteja dos perigos!

Depois do Angelus

Queridos amigos,
Chegou agora o momento de dizermos «Adeus», ou melhor, «Até à próxima». A todos vos agradeço por terdes participado na Jornada Mundial da Juventude 2008, aqui em Sidney, e espero voltar a ver-vos daqui a três anos. A Jornada Mundial da Juventude de 2011 terá lugar em Madrid, Espanha. Até lá, rezemos uns pelos outros, e prestemos a Cristo o nosso jubiloso testemunho diante do mundo. Que Deus vos abençoe a todos!

Tradução ao português difundida pela Santa Sé
© Copyright 2008 - Libreria Editrice Vaticana

BENTO XVI DESPEDE-SE DOS JOVENS RECORDANDO PROPOSTA DE MATRIMÔNIO

Que Deus fez a Maria na Anunciação

SYDNEY, domingo, 20 de julho de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI apresentou no momento de sua despedida aos jovens a Anunciação do anjo a Maria como uma proposta de matrimônio de Deus à Virgem, para a qual a jovem israelita respondeu «sim» em nome do gênero humano.
Deixou esta reflexão às 400 mil pessoas reunidas no hipódromo de Randwick, em Sydney, na conclusão da missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

O Papa apresentou Maria nesse momento que mudaria sua vida e a história da humanidade como «jovem mulher em diálogo com o Anjo que, em nome de Deus, A convida a uma particular doação de Si mesma, da sua vida, do seu próprio futuro de mulher e mãe».
«Podemos imaginar como deveria sentir-Se Maria naquele momento: cheia de trepidação, totalmente baralhada com a perspectiva que Lhe foi apresentada», explicou.
O Papa, que dedicou esta JMJ ao Espírito Santo recordou as palavras com as quais o anjo tentou acalmá-la: Não tenhas receio, Maria (…). O Espírito Santo virá sobre Ti e a força do Altíssimo estenderá sobre Ti a sua sombra».

«Foi o Espírito que Lhe deu a força e a coragem para responder ao chamamento do Senhor. Foi o Espírito que A ajudou a compreender o grande mistério que estava para se realizar por meio d’Ela. Foi o Espírito que A envolveu com o seu amor, tornando-A capaz de conceber no seu ventre o Filho de Deus», revelou o Pontífice.

Como um namoro

Para o bispo de Roma, «esta cena constitui talvez o momento cardinal na história do relacionamento de Deus com o seu povo».
«Ao longo do Antigo Testamento, Deus fora-Se revelando de forma parcial mas gradual, como todos fazemos nas nossas relações pessoais. Foi preciso tempo para que o povo eleito aprofundasse a sua relação com Deus. A Aliança com Israel foi uma espécie de período de galanteio, um longo namoro», disse.
Continuou em seguida dizendo: «Chegou depois o momento definitivo, o momento do matrimónio, a realização duma nova e eterna aliança. Naquele momento, Maria, diante do Senhor, representava toda a humanidade».
Na mensagem do anjo indicou: «era Deus que fazia uma proposta de matrimónio à humanidade; e Maria, em nosso nome, disse sim».

Por isso, o Papa fez um convite aos fiéis para «permanecer fiéis ao ‘sim’ com que acolhemos a oferta de amizade feita pelo Senhor».
«Sabemos que Ele nunca nos abandonará – afirmou –. Sabemos que sempre nos apoiará com os dons do Espírito. A «proposta » do Senhor, Maria acolheu-a em nosso nome».
Despedindo-se dos jovens o Papa se dirigiu a Maria para pedir que «nos guie no meio das dificuldades para permanecermos fiéis àquele relacionamento vital que Deus estabeleceu com cada um de nós».
«Maria é o nosso exemplo e a nossa inspiração. Que Ela interceda por nós junto do seu Filho e, com amor materno, nos proteja dos perigos!», concluiu.

PAPA ESPERA QUE JMJ SEJA NOVO PENTECOSTES

Pede que os jovens abram o coração ao Espírito Santo

SYDNEY, domingo, 20 de julho de 2008 (ZENIT.org).- Bento XVI espera que a Jornada Mundial da Juventude de Sydney concretize-se como um novo Pentecostes, uma vinda do Espírito Santo sobre os jovens, para que eles anunciem ao mundo Cristo ressuscitado, segundo o próprio pontífice confessou na missa de encerramento do evento.
À homilia dirigida aos 400 mil peregrinos, dedicada a falar do poder do Espírito, seguiu a confirmação de 24 jovens realizada pelo Papa, sendo doze de cada estado australiano e outros doze do restante do mundo.

O pontífice pôde se dar conta da quantidade de pessoas reunidas no hipódromo de Randwick, onde tinham passado a noite ao ar livre 225 mil jovens, ao sobrevoar de helicóptero a explanada antes da celebração eucarística.

Sob o sol de inverno austral, o bispo de Roma desejou: “Que o fogo do amor de Deus desça sobre os vossos corações e os encha, a fim de vos unir cada vez mais ao Senhor e à sua Igreja e enviar-vos, como nova geração de apóstolos, para levar o mundo a Cristo”.

O Santo Padre explicou aos rapazes e moças o que é o poder do Espírito Santo: “É o poder da vida de Deus. É o poder do mesmo Espírito que pairou sobre as águas na alvorada da criação e que, na plenitude dos tempos, levantou Jesus da morte. É o poder que nos conduz, a nós e ao nosso mundo, para a vinda do Reino de Deus”.

O bispo de Roma declarou que com o Evangelho de Jesus começou uma nova era, “na qual o Espírito Santo será derramado sobre a humanidade inteira”.
“Nesta grande assembleia de jovens cristãos vindos de todo o mundo, tivemos uma experiência concreta da presença e da força do Espírito na vida da Igreja”, constatou.
“Vimos a Igreja na profunda verdade do seu ser: Corpo de Cristo, comunidade viva de amor, que engloba pessoas de toda a raça, nação e língua, de todos os tempos e lugares, na unidade que brota da nossa fé no Senhor ressuscitado.”

No entanto, esclareceu, “esta força, a graça do Espírito, não é algo que possamos merecer ou conquistar; podemos apenas recebê-la como puro dom”.
“O amor de Deus pode propagar a sua força, somente quando lhe permitimos que nos mude a partir de dentro. Temos de O deixar penetrar na crosta dura da nossa indiferença, do nosso cansaço espiritual, do nosso cego conformismo com o espírito deste nosso tempo.”
“Só então nos será possível consentir-Lhe que acenda a nossa imaginação e plasme os nossos desejos mais profundos.”

Por isso, assegurou, “é tão importante a oração: a oração diária, a oração privada no recolhimento dos nossos corações e diante do Santíssimo Sacramento e a oração litúrgica no coração da Igreja”.

O Papa assegurou que o mundo e a Igreja têm necessidade desta renovação, pois “Em muitas das nossas sociedades, ao lado da prosperidade material vai crescendo o deserto espiritual: um vazio interior, um medo indefinível, uma oculta sensação de desespero”.
“Este é o dom grande e libertador que o Evangelho traz consigo: revela a nossa dignidade de mulheres e homens criados à imagem e semelhança de Deus; revela a sublime vocação da humanidade, que é a de encontrar a própria plenitude no amor; desvenda a verdade sobre o homem, a verdade sobre a vida.”

Mas “também a Igreja tem necessidade desta renovação”, reconheceu. ”Precisa da vossa fé, do vosso idealismo e da vossa generosidade, para poder ser sempre jovem no Espírito”.
“Abri o vosso coração a esta força. Dirijo este apelo de forma especial àqueles que o Senhor chama à vida sacerdotal e consagrada. Não tenhais medo de dizer o vosso «sim» a Jesus, de encontrar a vossa alegria na realização da sua vontade, entregando-vos completamente para chegardes à santidade e pondo os vossos talentos a render para o serviço dos outros.”

PAPA CITA SANTO AGOSTINHO PARA EXPLICAR ESPÍRITO SANTO


Oferece uma explanação teológica da Trindade

SYDNEY, domingo, 20 de julho de 2008 (ZENIT.org).
- Com a ajuda de S. Agostinho, Bento XVI dá uma breve aula de teologia sobre a terceira pessoa da Santíssima Trindade na vigília de sábado da Jornada Mundial da Juventude, no hipódromo de Randwick, em Sydney.

O Espírito Santo «tem sido, de variadas maneiras, a Pessoa esquecida da Santíssima Trindade», disse o Papa aos jovens. «Uma clara noção d’Ele parece estar quase fora do nosso alcance».
O Pontífice relembrou que era criança quando ouviu falar do Espírito Santo, mas nunca conseguiu entender a terceira pessoa da Trindade até se tornar um sacerdote e começar a estudar os escritos de S. Agostinho.
Ele disse que o entendimento de Agostinho sobre o Espírito Santo também se «desenvolveu gradualmente», e «foi uma luta».

O Santo Padre falou que o teólogo teve «três intuições particulares relativas ao Espírito Santo enquanto vínculo de unidade no seio da Santíssima Trindade: unidade como comunhão, unidade como amor duradouro, unidade como doador e dom.
«Estas três intuições – disse o Papa – não são meramente teóricas; ajudam a explicar como age o Espírito».

«Num mundo em que tanto os indivíduos como as comunidades sofrem muitas vezes por falta de unidade e coesão, tais intuições ajudam-nos a permanecer sintonizados com o Espírito e a alargar e esclarecer o âmbito do nosso testemunho».
Unidade
Bento XVI explicou que a primeira intuição de Santo Agostinho vem da reflexão sobre as palavras «Santo» e «Espírito», que «dizem respeito àquilo que pertence à natureza divina».
«Em outras palavras», ele acrescenta, «àquilo que é compartilhado pelo Pai e pelo Filho na sua comunhão».
«De facto, só na vida de comunhão é que a unidade subsiste e a identidade humana se realiza plenamente: reconhecemos a necessidade comum de Deus, correspondemos à presença unificadora do Espírito Santo e damo-nos reciprocamente servindo uns aos outros».

Amor
Bento XVI ainda falou sobre a segunda intuição do santo de Hipona, o Espírito Santo como amor que permanece.
Na primeira carta de João, capítulo 1, versículo 16 está escrito que «Deus é amor», acrescentou o Papa. «Agostinho sugere que estas palavras, embora referindo-se à Trindade no seu todo, também se devem entender como expressão duma característica particular do Espírito Santo».
O pontífice explica: «Reflectindo sobre a natureza permanente do amor – quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele’ – Agostinho interroga-se: é o amor ou o Espírito que garante o dom duradouro?»
Citando a obra do santo «De Trinitate», o Santo Padre reflete na conclusão do teólogo: «O Espírito Santo faz-nos habitar em Deus e Deus em nós; mas é o amor que causa tudo isto. Portanto, o Espírito é Deus enquanto amor».
«É uma explicação magnífica», exclama o bispo de Roma. «Deus compartilha-Se como amor no Espírito Santo».
Bento XVI reflete ainda: «O amor é o sinal da presença do Espírito Santo. As ideias ou as palavras que carecem de amor – ainda que se apresentem sofisticadas ou sagazes – não podem ser ‘do Espírito’.»
«Além disso, o amor apresenta um traço particular: longe de ser permissivo ou volúvel, tem uma missão ou um objectivo a realizar que é o de permanecer. Por sua natureza, o amor é duradouro.»
«Mais uma vez, queridos amigos», diz o Papa, «podemos dar uma vista de olhos àquilo que o Espírito Santo oferece ao mundo: amor que dissolve a incerteza; amor que supera o medo da traição; amor que traz em si a eternidade; o verdadeiro amor que nos introduz numa unidade que permanece!»

Dom

Bento XVI disse que a terceira intuição de Santo Agostinho – o Espírito Santo como dom – deriva do relato evangélico da conversa de Cristo com a mulher samaritana junto ao poço.
«Aqui Jesus revela-Se como o dador de água viva, que em seguida será especificada como sendo o Espírito», explica.
Citando o Evangelho de João o bispo de Roma diz que «O Espírito é ‘o dom de Deus’ – a fonte interior – que sacia verdadeiramente a nossa sede mais profunda e nos conduz ao Pai».
Com base ainda na obra «De Trinitate», o Santo Padre explica que «Agostinho conclui que o Deus que Se concede a nós como dom é o Espírito Santo».
O Pontífice continua: «Amigos, uma vez mais lancemos um olhar sobre a Trindade em acção: o Espírito Santo é Deus que eternamente Se dá; como uma nascente perene, Ele oferece-Se precisamente a Si mesmo».
«Observando este dom incessante, chegamos a ver os limites de tudo o que perece, a loucura duma mentalidade consumista. De forma particular, começamos a compreender por que motivo a busca de novidade nos deixa insatisfeitos e desejosos de algo diferente.»
«Porventura não andamos nós à procura de um dom eterno? À procura da fonte que jamais se exaurirá? Com a samaritana exclamemos: Dá-me desta água, para que eu não sinta mais sede!»
«Jovens caríssimos» – continua o Papa –, «vimos que é o Espírito Santo quem realiza a maravilhosa comunhão dos crentes em Cristo Jesus. Fiel à sua natureza de dador e simultaneamente de dom, agora Ele está a actuar por meio de vós. Inspirados pelas intuições de Santo Agostinho, fazei com que o amor unificante seja a vossa medida; o amor duradouro seja o vosso desafio; o amor que se dá a vossa missão».

Realidade

Bento XVI disse aos jovens que «há momentos, porém, em que nos podemos sentir tentados a procurar certas satisfações fora de Deus», e fez a mesma pergunta que Cristo fez aos doze Apóstolos: «Também vós quereis retirar-vos?»
«Talvez um tal afastamento ofereça a ilusão da liberdade. Mas onde nos leva? Para quem havemos nós de ir? De facto, em nossos corações, sabemos que só o Senhor tem ‘palavras de vida eterna’.»

Citando Agostinho, Bento XVI diz que «o afastamento d’Ele é só uma tentativa vã de fugirmos de nós mesmos».
«Deus está connosco, não na fantasia, mas na realidade da vida», disse o Papa. «O que temos de procurar é enfrentar a realidade, não fugir dela. Por isso, o Espírito Santo atrai-nos delicada mas resolutamente para aquilo que é real, duradouro, verdadeiro. É o Espírito que nos reconduz à comunhão com a Trindade Santíssima!»


ESPÍRITO SANTO É GUIA SILENCIOSO PARA A GRANDEZA E A UNIDADE, DIZ PAPA BENTO XVI NO JMJ


Espírito Santo é guia silencioso para a grandeza e a unidade, diz Papa

"A vida não é simplesmente acumular, e é muito mais do que ter sucesso”
SYDNEY, domingo, 20 de julho de 2008 (Zenit.org).- Apesar de não ser fácil entender o papel do Espírito Santo na vida de cada um, Bento XVI disse que se pode ter certeza de que o Espírito é um guia silencioso no caminho da unidade e da reconciliação.
As palavras do pontífice ecoaram no hipódromo de Randwick, na noite desse sábado, durante a vigília com os jovens.
O pontífice disse que as palavras de Cristo tomadas como tema da JMJ2008 -- "Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós e sereis minhas testemunhas" -- “foram precisamente as últimas que Jesus pronunciou antes da sua ascensão ao céu”.
“O que é que sentiram os Apóstolos ao ouvi-las, podemos apenas imaginá-lo”, disse Bento XVI. “Mas sabemos que o seu amor profundo a Jesus e a confiança que tinham na sua palavra os impeliu a reunirem-se e a aguardarem; não a aguardar sem um objetivo, mas juntos, unidos na oração, com as mulheres e com Maria na sala de cima”.
“Nesta noite, nós fazemos o mesmo. Reunidos diante da nossa Cruz que muito peregrinou e do ícone de Maria, sob o esplendor celeste da constelação do Cruzeiro do Sul, rezamos.”
O pontífice disse que reza pelos jovens de todos os cantos do mundo. “Deixai-vos inspirar pelo exemplo dos vossos Santos Patronos. Acolhei no vosso coração e na vossa mente os sete dons do Espírito Santo. Reconhecei e acreditai na força do Espírito Santo em vossa vida”.

O Papa destacou que não é fácil “conhecer a pessoa do Espírito Santo e a sua presença vivificante na nossa vida”.
Com efeito --prosseguiu--, “a variedade de imagens que encontramos na Escritura relativas ao Espírito Santo – vento, fogo, sopro – são sinal da nossa dificuldade em exprimir uma noção articulada sobre Ele”.
“E todavia sabemos que é o Espírito Santo, silencioso e invisível, quem proporciona orientação e definição ao nosso testemunho sobre Jesus Cristo.”O mundo, disse Bento XVI, “sob muitos aspectos, é frágil”. “A unidade da criação de Deus está enfraquecida por feridas que se tornam profundas quando se quebram as relações sociais ou o espírito humano acaba quase totalmente esmagado pela exploração e o abuso das pessoas”.
Ele prosseguiu: “a sociedade contemporânea está a sofrer um processo de fragmentação por causa dum modo de pensar que é, por sua natureza, de visão curta, porque transcura o horizonte inteiro da verdade – da verdade referente a Deus e relativa a nós”.
“Por sua natureza, o relativismo não consegue ver o quadro inteiro. Ignora aqueles mesmos princípios que nos tornam capazes de viver e crescer na unidade, na ordem e na harmonia.”
A resposta a esta fragmentação é a unidade, mas o Papa recordou aos peregrinos que “a unidade e a reconciliação não se podem alcançar apenas com os nossos esforços. [...] Somente em Deus e na sua Igreja, podemos encontrar aquela unidade que procuramos”.
E todavia, apesar de vermos as imperfeições e desilusões a nível individual e institucional, às vezes somos tentados a construir artificialmente uma comunidade «perfeita». Não se trata de uma tentação nova. A história da Igreja contém muitos exemplos de tentativas para contornar ou saltar por cima das fraquezas e falimentos humanos a fim de se criar uma unidade perfeita, uma utopia espiritual.
“É o Espírito que guia a Igreja pelo caminho da verdade total e a unifica na comunhão e nos atos do ministério”, disse o Santo Padre. “Infelizmente persiste a tentação de «seguir em frente sozinho»”.
“Alguns falam da sua comunidade local como de algo separado da chamada Igreja institucional, descrevendo a primeira como flexível e aberta ao Espírito e a segunda como rígida e privada do Espírito.”
“Permanecei vigilantes. Procurai saber ouvir”, exortou. “Conseguis vós ouvir, através das dissonâncias e divisões do mundo, a voz concorde da humanidade? Desde a criança abandonada de um campo no Darfur, a um adolescente confuso, a um pai em ânsias numa periferia qualquer, ou talvez neste preciso momento das profundezas do vosso coração eleva-se o mesmo grito humano que anela por um reconhecimento, por uma integração, pela unidade”.
O pontífice recordou aos jovens peregrinos que é Espírito Santo “quem poderá satisfazer este desejo humano essencial de ser alguém, viver imerso na comunhão, ser edificado, ser guiado para a verdade”.
“Esta é a sua função”, prosseguiu, “levar a termo a obra de Cristo. Enriquecidos pelos dons do Espírito, vós tendes a força de ultrapassar as visões parciais, a utopia vã, a precariedade fugaz e oferecer a coerência e a certeza do testemunho cristão”.
“Nesta noite, reunidos aqui sob a beleza deste céu noturno, os nossos corações e as nossas mentes estão repletas de gratidão a Deus pelo grande dom da nossa fé na Trindade”, disse Bento XVI. “Recordamos os nossos pais e avós que caminharam ao nosso lado quando – éramos nós crianças – sustentaram os primeiros passos do nosso caminho de fé”.
“Agora, passados muitos anos, eis-vos aqui reunidos como jovens adultos ao redor do Sucessor de Pedro. Inunda-me uma profunda alegria por estar convosco. Invoquemos o Espírito Santo: é Ele o artífice das obras de Deus. Deixai que os seus dons vos plasmem.”
O Santo Padre afirmou que os peregrinos são “chamados a exercitar os dons do Espírito nos altos e baixos da vida diária. Fazei com que a vossa fé amadureça através dos vossos estudos, trabalho, desporto, música, arte”.
“Procurai que seja sustentada por meio da oração e alimentada através dos sacramentos, para deste modo se tornar fonte de inspiração e de ajuda para quantos vivem ao vosso redor”, comentou o Papa. “No fim de contas, a vida não é simplesmente acumular, e é muito mais do que ter sucesso”.
“Estar verdadeiramente vivos é ser transformados a partir de dentro, permanecer abertos à força do amor de Deus. Acolhendo a força do Espírito Santo, podereis também vós transformar as vossas famílias, as comunidades, as nações. Libertai estes dons. Fazei com que a sabedoria, o entendimento, a fortaleza, a ciência e a piedade sejam os sinais da vossa grandeza.”
ZP08072009 - 20-07-2008Permalink: http://www.zenit.org/article-19103?l=portuguese

sábado, 5 de julho de 2008

Peregrinação Missionária Nacional a Fátima


Santuário de Fátima recebe peregrinação de todos os Institutos Missionários Ad Gentes de Portugal nos dias 5 e 6 de Julho.
Realiza-se nos dias 5 e 6 de Julho a II Peregrinação Missionária Nacional a Fátima. Promovida pelos Institutos Missionários Ad Gentes (IMAG), a peregrinação tem por tema “Portugal, vive a missão, rasga horizontes”, tendo por objectivo reunir na mesma ocasião as famílias de congregações missionárias, que habitualmente peregrinam a Fátima em dias diferentes. Esta Peregrinação Nacional prepara também o Congresso Missionário que, entre os dias 3 e 7 de Setembro, estuda a mesma temática.

O Presidente dos IMAG, Pe. Manuel Sabença, lembra à Ecclesia que a peregrinação a Fátima recria o espírito do anúncio: “a missão é movimento, é dinamismos, é ir ao encontro dos povos, das pessoas que não conhecem Jesus”. É nesta perspectiva que os institutos missionários lançam a proposta à Igreja em Portugal, com o objectivo de envolver um número crescente de pessoas e instituições na causa missionária. Desejo expresso pela provincial das missionárias combonianas, que integra também a equipa coordenadora desta peregrinação: “eu espero que as paróquias estejam todas envolvidas neste processo de peregrinação e que as paróquias sejam mais animadas missionariamente. É isto que espero que aconteça.

Na perspectiva da realização em Portugal do Congresso Missionário, esta pode ser a ocasião para lançar, “um espírito missionário novo”, que inclua paróquias, dioceses e tenha “expressões novas no futuro”. É o desejo do Director da Revista Além-Mar: estas iniciativas podem ser “um espaço, um laboratório onde se mexe com as ideias para procurar criar esse grande movimento na igreja portuguesa”
Para o Pe. Manuel Durães Barbosa, esse é um dos objectivos da Peregrinação e do Congresso: “fazer com que as pessoas se envolvam mais e sejam mais motivadas para esta dimensão da Igreja”. Porque a Igreja é por natureza missionária”, sublinha o Director Nacional das Obras Missionárias Pontifícias em Portugal.
Programa

Preside à II Peregrinação Missionária Nacional a Fátima D. António Couto, Presidente da Comissão Episcopal das Missões. A Missa de Domingo, às 11h00, será presidida por Mons. Jean Louis Bruguès, Arcebispo de Angers - França e Secretário da Congregação para a Educação Católica.

Integrada na Peregrinação, estará patente ao público, na zona da Reconciliação da Igreja da Santíssima Trindade, uma Exposição Missionária que apresentará em 42 painéis, cada um dos Institutos Missionários Ad Gentes.

Dia 5 (Sábado)
17H00 - Celebração Missionária
local: Igreja da Santíssima Trindade
- Saudação
- Oração Missionária
- Eucaristia
21H30 – Recitação do Terço e Procissão
23H00 – Vigília Vocacional ( Ig. St. Trindade )
Dia 6 (Domingo)
10H00 – Recitação do Terço
11H00 – Eucaristia
15H00 – 17H00 - Sessão Missionária
Local: Auditório Paulo VI
Nacional Agência Ecclesia 04/07/2008 17:57 2777 Caracteres 143 Missões