Timor apresenta uma grande diversidade linguística, proveniente das antigas guerras internas e das consequentes integrações de subgrupos noutros grupos étnico-linguísticos, verificando-se essa diversidade linguística em todo o território timorense, sem distinção entre loro sae e loro monu. Assim, segundo o Sr. Vianey da Cruz, Timor possui trinta e dois dialectos, dentre eles o Baiqueno, o Galóli, o Tocodede, o Habo, e seis línguas que são o Tétum, o Macassai, o Fataluco, o Bunak, o Mambae e o Quemak. Os dialectos são específicos de pequenas zonas ou de regiões, sendo que, numa mesma zona, se fala um dialecto e uma língua. O dialecto é utilizado para comunicar com as pessoas da mesma zona e a língua para comunicar com os que não partilham do mesmo dialecto.
Actualmente, o tétum é a língua com maior expressão em Timor-Leste, devido à sua utilização enquanto língua franca. O tétum é uma língua da família austronésica, ou malaio-polinésia, que parece originária da Formosa e, talvez também, do sul da China continental. Existem duas variantes do tétum, como se verá a seguir.
O primeiro tétum, o tétum-térique, já se havia estabelecido como língua franca antes da chegada dos portugueses, aparentemente, em consequência da conquista da parte oriental da ilha pelo império dos Belos e, da necessidade de um instrumento de comunicação comum para as trocas comerciais. Com a chegada dos portugueses, o tétum adopta vocábulos portugueses e malaios, principalmente designações que o seu léxico não continha, tornando-se uma língua crioula e simplificada, pois os verbos deixaram de ser conjugados – nasce o tétum-praça.
Apesar do tétum-praça possuir variações regionais e sociais, hoje, o seu uso é alargado, sendo compreendido por quase toda a população timorense, pelo que foi adoptado como "língua oficial", com a designação de Tétum Oficial.
Durante o domínio português, quer na administração, quer no sistema de ensino, era usada exclusivamente a língua portuguesa, embora coexistindo, no dia-a-dia, com o tétum e outras línguas.
Todavia, com a anexação do território pela Indonésia, o uso do português foi proibido, impondo-se o bahasa da Indonésia, língua até então desconhecida no território. Durante 24 anos, toda uma geração de timorenses cresceu e foi educada nesta língua. O português sobreviveu, no entanto, como língua de resistência, usada pela Fretilin nas suas comunicações internas e no contacto com o exterior. Este uso do português, muito mais do que do tétum, conferiu-lhe uma enorme carga simbólica.
Com o fim da ocupação e a independência de Timor-Leste, a 20 de Maio de 2002, as novas autoridades do país fizeram questão de recuperar o idioma da antiga potência administrante, reconhecendo a Constituição o estatuto de "língua oficial"ao português, ao lado do tétum.
Para os timorenses mais idosos, o bahasa é, negativamente, conotado com o regime repressivo de Suharto mas, por outro lado, muitos jovens têm-se mostrado adversos à reintrodução do português, visto como "língua colonial".
Conclusão
A realização do presente trabalho revelou-se deveras importante, uma vez que permitiu a aquisição de conhecimentos sobre a cultura de origem das suas autoras, nomeadamente aspectos que ambas desconheciam.
Por outro lado, considera-se de extrema importância conhecer-se os antepassados e a evolução de que o povo timorense foi alvo até aos dias de hoje, os dias que são mais familiares à juventude timorense.
Completado o percurso proposto e cumprido o objectivo delineado, conclui-se que a cultura timorense é bastante rica no que se refere a rituais, valores, crenças, o que se depreende através da emoção demonstrada pelos sujeitos entrevistados, enquanto falavam sobre Timor e recordavam os momentos lá passados, uma vez que se tratam, na sua totalidade, de pessoas que abandonaram a sua terra natal, aquando da guerra. Por outro lado, a emoção revelada pelas pessoas entrevistadas denota a interiorização da cultura timorense e a importância conferida à mesma, facto que se considera, extremamente, importante, numa época de desenvolvimento tecnológico constante que, como que anula as raízes das diferentes culturas, tornando importante, apenas, as aquisições materiais do momento, aspecto que se verifica, essencialmente, nos países ocidentais.
Finalmente, a realização do presente trabalho despertou o interesse para a elaboração de um documento que reúna a essência da cultura timorense, desde a sua evolução histórica às especificidades das línguas e dialectos falados em todo o território. Um documento que reúna as informações patentes em várias obras já editadas e, ainda, informações fornecidas pela população timorense compreendida nas faixas etárias superiores – pois as histórias contadas pelos anciãos são, sempre, repletas de ensinamentos, recordações – e que se possa tornar num legado para as gerações vindouras.
(trabalho realizado por Ma. Mendes e Faviola, estudante de Univercidade Católica Portuguesa de Lisboa- disciplina de Antropologia Cultural do ano de 2006)
São João Evangelista, 27/12/2024
Há 1 dia
1 comentário:
Boa tarde Irmã, encontrei o seu blog quando andava a procura de dialectos de Timor e gostaria de pedir-lhe, se for possível, se me pode ajudar com as referências para poder elaborar o meu trabalho académico nessa área.
Grata pela atenção,
Leila Silva
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