Celebra-se este ano em Portugal o primeiro centenário da proclamação da República (5 de Outubro de 1910 - 5 de Outubro de 2010). O regime republicano veio substituir o regime monárquico que vigorava desde 1140 até 1910.
Com a Revolução Francesa de 1779, e com a introdução de ideias liberais, a Monarquia Absoluta deu lugar a um regime constitucional (liberal). Acresce ainda a influência da maçonaria, que já se organizava em Portugal desde 1744 e que tinha estabelecido lojas maçónicas em Lisboa e no Porto. Pouco a pouco o regime ia-se revelando hostil à Igreja. Com a subida ao trono do Rei Dom Pedro IV, não tardou o liberalismo em criar diplomas para fragilizar a influência da Igreja católica na Sociedade Portuguesa visando a extinção de “todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e quaisquer casas de religiosos das ordens regulares” e coma incorporação dos seus bens nos próprios da Fazenda Nacional”(1). Confira-se o famoso Decreto de 30 de Maio de 1834, referendado pelo ministro da Justiça Joaquim António de Aguiar. A implantação do regime republicano veio pôr em vigor as leis do Marques de Pombal contra os jesuítas e as de Joaquim Aguiar relativo às casas religiosas.
Na Colónia de Timor, onde exerciam a acção missionária e educativa com dedicação e sacrifício, os jesuítas e as irmãs canossianas foram simplesmente abrangidos pelas mesmas medidas decretadas pelo governo de Lisboa. O actual estudo quer recordar esse “triste acontecimento”, ocorrido há cem anos e lembrar o bem que os filhos de santo Inácio estavam a desenvolver na Colónia.
I - A implantação da República em Portugal
1. Os antecedentes
a) O clima social e político em Portugal nos fins do século XIX e inícios do século XX.
A Monarquia vigorou em Portugal até Outubro de 1910, sendo Rei Dom Manuel II, que havia subido ao trono em 1908, após o regicídio cometido contra seu pai, Dom Carlos I e seu irmão, o Príncipe Luís Filipe. No dia 4 de Outubro de 1010, o rei, em vista das movimentações para o derrubar e em consequência do clima da violência verbal e física em que viviam os lisboetas, decidiu afastar-se para Mafra, seguindo depois para Ericeira, e dali para Gibraltar, e mais tarde para Inglaterra.
Para a queda do regime monárquico, contribuíram os partidos de ideologia laicista, republicana, antimonárquica e anticlerical, destacando-se o Partido Republicano Português, fundado em 25 de Março de 1873. Alimentava o antagonismo com tudo o que era monárquico. Foram membros e dirigentes do Partido Republicano, algumas das figuras importantes da revolução de 5 de Outubro de 1910: Teófilo Braga, Magalhães Lima (membro do Directório de1887), Afonso Costa, António José de Almeida, João Chagas e Alves da Veiga, etc. (2).
Os republicanos tentaram uma primeira revolução a 28 de Janeiro de 1908 que falhou. Mas, a 1 de Fevereiro desse ano, seriam mortos o rei Dom Carlos o príncipe herdeiro, Luís Filipe. Nesse ano, o partido republicano estava decidido a conquistar o poder, estabelecendo quatro objectivos: vitória nas eleições, agitação nas ruas, conspiração civil e conspiração militar, colocando assim o país numa situação revolucionária. A revolução que deveria começar à uma hora de 4 de Outubro de 1910, não teve sucesso por ter falhado uma acção concertada dos vários intervenientes (a Marinha, a Infantaria 2, Caçadores 2; a Artilharia, grupos de civis armados). Mas, no fim desse dia, com os navios de guerra revoltados (Admastor e São Rafael comandado por Mendes Cabeçadas), bombardearam o Palácio das Necessidades, e o Rei Dom Manuel II foi obrigado a sair de Lisboa e a refugiar-se em Mafra. No 5 de Outubro, tomando conhecimento do embarque da Família Real na Ericeira, o Partido Republicano, proclamou, no edifício da Câmara Municipal de Lisboa, às 9 horas de manhã, a vigência do novo regime: A República (3). O novo regime foi imediatamente aceite em todo o país e pouco depois constituiu-se o Governo Provisório.
b) O ambiente religioso em Portugal nos finais do século XIX e princípios do século XX.
As leis de Marquês do Pombal contra os Jesuítas e o decreto de 20 de Maio de António Joaquim de Aguiar de 1834 criaram na Sociedade Portuguesa um ambiente de desconfiança e de hostilidade em relação à Igreja católica. Se, no passado, a igreja gozava de privilégio de ser a única religião, com a Carta Constitucional reconheceu-se a existência de outras religiões. Na segunda metade do século XIX, ganha terreno a propaganda de ideias laicistas que atacavam abertamente a Igreja.
c) A legislação anticlerical do novo regime (8 de Outubro de 1910)
Logo depois da proclamação da República, o Governo Provisório inicia a Publicação de uma série de decretos com força de lei, atentatória das liberdades e dos direitos da Igreja católica. Assim no dia 8 de Outubro, se decretava o seguinte:
Artigo 1º - Continua a vigorar como lei da República Portuguesa a de 3 de Setembro de 1759, promulgada sob o regime absoluto, e pela qual os Jesuítas foram havidos por desnaturalizados e proscritos , e se mandou que efectivamente fossem expulsos de todo o país e seus domínios ‘para neles mais não poder entrar’.
Artigo 2º - “Continua também a vigorar como lei da República Portuguesa a de 28 de Agosto de 1767, igualmente promulgada sob o regime absoluto, que, ‘explicando e ampliando” a referida lei de 3 de Setembro de 1759, determinou que os membros da chamada Companhia de Jesus, ou Jesuítas, fossem obrigados a sair imediatamente para fora do país e dos seus domínios”.
Artigo 3 º- “Continua também a vigorar com força da lei da República Portuguesa o decreto de 28 de Maio de 1834, promulgado sob o regime monárquico representativo, o qual extinguiu em Portugal, Algarve, ilhas adjacentes e domínios portugueses, todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e quaisquer casas de religiosos de todas as ordens regulares, fosse qual fosse a sua dominação, instituo ou regra”.
Artigo 4º - “ É declarado nulo, por ser contrário à letra e ao espírito dos mencionados diplomas, o decreto de 18 de Abril de 1901, que disfarçadamente autorizou a constituição de congregações religiosas no país, quando pretendessem dedicar-se exclusivamente à instrução ou beneficência, ou à propaganda da fé e civilização no ultramar”
Artigo 5º - “Em consequência e de harmonia com o disposto nos artigos 1º a 3º e aos diplomas aí referidos, serão expulsos do território da República todos os membros da chamada Companhia de Jesus, quaisquer que seja a denominação sob que ela ou eles se disfarcem, e tanto estrangeiros ou naturalizados, como nascidos em território português, ou de pai ou mãe portugueses”. (4)
Nos finais do século XIX, o Partido Republicano manifestava a intenção de proceder a separação do Estado e da Igreja. Em entrevista ao jornal O Porto, Afonso Costa, Ministro da Justiça, declarava:” a separação da Igreja e do Estado é uma affirmação votada por unanimidade em todos os nossos congressos, é uma aspiração do partido republicano, o partido republicano está no poder e nós consideramos um dever inaddiável dar satisfação a essas esperanças. Não queremos mesmo deixar á Cúria crear quaisquer esperanças . É preciso que ella saiba, desde já que não deve contar connosco para o futuro” (5).
II - A proclamação da República na Província de Timor
O governador nomeado pelo regime monárquico era Alfredo Cardoso Soveral Martins, primeiro-tenente da Marinha, que assumiu o governo de Timor em 5 de Fevereiro de 1910. A 5 de Outubro de 1910, fora proclamada a República, em Lisboa. No dia 6, o Ministro da Marinha enviou o seguinte telegrama para Díli:
“Governador Geral de Timor – Macassar
“Foi ontem proclamada Republica com concurso Exército, marinha e Povo. Entusiasmo, ordem absoluta.
Governo provisório presídio por Teófilo Braga. Ministros: Guerra, Coronel Artilharia Xavier Barreto, Interior: António José de Almeida, Fazenda: Basílio Teles, Obras públicas. António Luís Gomes, Marinha e Colónias: capitão-de-mar-e-guerra Azevedo Gomes, Justiça: Afonso Costa; Estrangeiros, Bernardino Machado.
Queira comunicar autoridades civis e militares sob a jurisdição estes acontecimentos
(ass.) Ministro da Marinha, Azevedo Gama”.(6).
No dia 8, foi enviado pelo mesmo Ministro outro telegrama ao Cônsul de Portugal, em Port Darwin, em que se pedia aos oficias do exército e armada, quadros do Ultramar do activo, reservas e reformados e indivíduos com graduação militar em serviço, e residentes nesta Província, se apresentassem em brevidade nas secretarias das respectivas residências para garantirem a lealdade ao novo regime.
No dia 30 de Outubro, realizou-se a cerimónia oficial da Proclamação da República em Díli. No Palácio do Governo reuniram-se as personalidades mais relevantes da cidade de Díli: o Presidente da Comissão Municipal, vereadores, chefes das repartições, funcionários civis, militares, representantes do comércio, indústria e agricultura. Da parte das Missões Católicas, estava presente o Superior e Vigário-Geral, Padre José Neves (7). Na sessão solene, o Governador Soveral Martins leu a seguinte declaração:
“Meus Senhores,
Trouxe-nos o telégrafo a notícia da revolta que deu a Portugal o novo regime, satisfazendo os ideais da sua população e abrindo ao seu futuro uma nova era que a todos se impõe como de felicidade e progresso. Leal filha, não podia a colónia de Timor, deixar de, com carinhoso entusiasmo, seguir a mãe Pátria, abraçando a Ideia Nova com fé no provir e arreigada crença num Portugal maior. Traga o novo regime a felicidade que merece a heróica Nação, cujas tradições enchem de gloriosas páginas a História do passado e possa a História do futuro registar ainda a grandeza deste povo civilizador e honrado.
Com intensa fé, proclamamos nesta colónia a República Portuguesa e enternecidamente vamos assistir ao iça da nova Bandeira da Nação, do augusto símbolo que nos cumpre defender e amar e a cuja sombra, alentados pela esperança, trabalharemos pelo futuro e engrandecimento da nossa querida Pátria”(8).
Seguiu-se a cerimónia do arraiar da bandeira real azul e branca, e o içar da bandeira verde-rubra, ao som de uma salva de 21 tiros, tendo o presidente da Comissão Municipal dado três vivas à Republica, entusiasticamente correspondidos, pelos presentes. (9)
Depois da cerimónia, Soveral Martins, dirigiu ao Governo de Lisboa, o seguinte telegrama. “ Foi solenemente proclamada a República – Inteira adesão população militar e civil de Díli. Espero adesões oficialidade interior da Província. Entusiasmo geral. Governador” (10).
No dia 2 de Novembro, o governador dava a conhecer as seguintes determinações: o papel e envelopes timbrados nas repartições civis e militares da Província encimados pela coroa ou armas reais, poderiam ser utilizados contanto que desaparecessem os emblemas do antigo regime; era permitido usar no papel e envelope de expediente oficial a designação de “Província de Timor”; a antiga designação “S.N.R.” (Serviço Nacional Real) seria substituído pela designação “S. N.”( Serviço Nacional); os requerimentos, petições memórias ou quaisquer documentos seriam dirigidos sob a fórmula “Exmo Sr”. (11).
Mas, se, em Díli, os funcionários e os militares saudavam euforicamente o advento da Republica a mudança dos símbolos monárquicos, entre os timorenses, muitos liurais, não viam claro a mudança do regime. Muitos perguntavam porque se mudava a bandeira, que muitos traziam como “lulic” desde “a antiguidade”? Entretanto, o governador Soveral Martins deixava o Território, no mês de Novembro, sendo substituído pelo secretário o Capitão Anselmo Augusto Coelho de Carvalho, que, por sua vez, foi substituído em 22 de Dezembro de 1910, pelo capitão José Carrazeda de Sousa Caldas Viana e Andrade (12).
Entretanto, seguindo as determinações de Lisboa, Carrazeda de Sousa, comunicou, no dia 23, aos Jesuítas e às Freiras Canossianas que deveriam deixar a Colónia de Timor. E, baseando-se no De Decreto de 8 de Outubro de 1910, publicado pelo Governo Provisório da República, sobre as congregações religiosas, o Governo da Província de Timor publicava também um Decreto de 31 de Dezembro de 1910, segundo o qual o Estado se apropriava dos edifícios utilizados pelos Jesuítas e Religiosas Canossianas: Em Dili, o edifício do Colégio de São José, a escola de Bidau (transformada em Enfermaria), a Casa de Malua; em Soibada, o edifício do Colégio masculino, a residência missionária, a igreja e o Colégio feminino da Imaculada Conceição. Julgando-se possuidor desses imóveis, o governo provincial arrolava tudo o que estava dentro
III - Os Jesuítas em Timor (1899)
3.1. Antecedentes
Os Portugueses chegaram às Molucas em 1512, em demanda das especiarias (pimenta, cravinho da Índia, canela, etc.). Entre 1513 e 1515, chegariam também à Ilha de Timor, atraídos pelo comércio da madeira sândalo. Nos anos seguintes, registaram-se viagens frequentes entre Malaca e as Ilhas Molucas, tendo os Portugueses estabelecido acordos de amizade com os reis de Ternate e Tidor.
Em 1542, chegava àquelas ilhas o padre Jesuíta Francisco Xavier, mais tarde santo e proclamado Apóstolo do Oriente. Em 1559, o superior da Comunidade dos Jesuítas em Malaca, Padre Baltazar Dias, numa carta dirigida de Malaca ao Provincial em Goa, dava as seguintes referências sobre a ilha de Timor:
“A este Solor e Timor partem daqui [de Malaca] em suas monções a saber: huma no fim de Setembro, e outra na entrada de Fevereiro,; e o mesmo de la vem duas vezes no anno, a saber: Junho e em Outubro (…).
A gente de Timor he a mais besta(=inculta) que há nestas partes. A nenhuma cousa adorão, nem tem ídolos; tudo quanto lhe dizem os portugueses, fazem.
A língoa desta gente dizem ser muita curta, conforme em algumas cousas com a malaia”(13).
Por sua vez, o Padre Luís Frois, escrevendo de Goa, dizia:
“…e del-rey de Timor que he a terra donde vem o sândalo, porque la lhe mandarão o anno passado o treslado de huma carta que este mesmo rey escreveo a Malaqua, ao Padre Baltazar Diaz, pedindo-lhe muyto que quisesse la mandar hum padre, para lhe ensinar as cousas da fee, por ser já christão, com muytos principais do seu regno e esperar que, com a ida de algum padre, se acabasse a mais gente de converter…”(14). E noutra passagem dizia: “el rey de Timor christão, que esta suspirando por padres da Companhia e os pede para os fazer seu reyno christão,” (15).
Nesse mesmo ano, de 1559, pensavam os jesuítas mandar uma expedição missionária às ilhas de Sabu e Roti. Entretanto, chegavam àquela região os holandeses, que fizeram acordos com os chefes locais, para marcar a sua presença ali. Nos meados do século XVII, dois missionários jesuítas saíram das ilhas de Roti e Sabu e passaram para a ilha de Timor: É o que declara o historiador Geoffrey Gunn: “De facto, uma tentativa, feita em 1668 por dois missionários jesuítas, João Nogueira e Pêro Francisco, para pregar o evangelho em Luca – então receptiva ao Cristianismo – foi malograda pela acção do rei de Ade (Edan, em Vemasse)) a cujos domínios, na parte nordeste de Timor eles foram parar.(16). Mais tarde, outro jesuíta, francês, padre German Macret, em missão em Macáçar, foi desembarcar em Timor, aportando ao reino de Motael. Permaneceu ali algum tempo e chegou a baptizar os filhos dos soldados aquartelados em Motael (17).
A presença dos jesuítas na Ilha do Sul da Insulíndia encontrou resistência dos dominicanos, que consideravam aquelas ilhas a sua zona exclusiva de missionação. Pelos vistos, os dominicanos não queriam ver nos seus domínios de influência, sacerdotes de outras ordens. A 5 de Dezembro de 1670, o Padre António Francisco, escrevendo de Macau, ao Padre geral, Gian Paola Oliva, descrevia assim o comportamento dos frades dominicanos, na Insulindia: “ (…) se recusam a aprender a língua nativa para grande detrimento da salvação do povo. Não impedem os pregadores muçulmanos de islamizar os gentios, mas gostariam de expulsar outros missionários. Ocupam-se activamente a construir barcos para o seu comércio e a obter lucros, deixando as almas ao abandono”(18).
A 25 de Março de 1722, o Rei de Portugal, Dom João V, escreveu ao Vice-Rei da Índia, Dom Francisco José Sampaio e Castro, recomendando-lhe que tomasse providências para que se fixassem em Timor alguns missionários da Companhia de Jesus, sobretudo em Sica, Paga e Ende, visto os dominicanos não querem sair de Timor (19).
A 23 de Outubro de 1722, o Provincial Padre João Olivares, SJ, escrevia ao Secretário de Estado, apresentando as dificuldades que impedem a ida dos jesuítas para Timor. Entre as várias dificuldades, apontavam-se algumas. Que aquelas missões (Timor, Solor e Ende) eram dos religiosos de S. Domingos; que os jesuítas não queriam perturbar a paz entre as duas religiões (ordens); havia falta notória de pessoal; sob o aspecto financeiro, perguntava o Superior, quem iria subsidiar o trabalho dos missionários dos jesuítas (20).
Em 1777, o Marquês de Pombal, dava ordens da expulsão dos jesuítas de Portugal e dos territórios ultramarinos. Em 21 de Julho de 1773, pela bula Dominus ac Redemptor, o Papa Clemente XIV decretou a extinção da Companhia de Jesus em 1773. A 7 de Agosto de 1814, o Papa Pio VII pela bula Sollicitudo omniuam Ecclesiarum restaurou a Companhia.
“Quando as notícias da dissolução dos Jesuítas chegaram a Lisboa, o marquês de Pombal ordenou, num gesto de extravagante floreado, que as luzes da cidade ardessem toda a noite” (21). Durante os anos de supressão e nas décadas seguintes, nunca mais se pensou no envio dos jesuítas para Insulíndia.
Entretanto, no segundo quartel do século XIX, o Bispo de Macau decidiu entregar a direcção do Seminário de São José, aos padres da Companhia de Jesus. Por outra parte, um dos primeiros missionários enviados para Timor em 1877, tinha entrado na Companhia de Jesus em 1889. Tratava-se do Padre Sebastião Maria Aparício, que em 1898, seria o superior da missão confiada aos Jesuítas.
3.2. Os jesuítas na Missão de Soibada
A ideia de enviar os Jesuítas para Timor tinha sido ventilada no tempo do Bispo Dom António Joaquim Medeiros (1883-1897), que então já pensava dividir o território do Distrito autónomo de Timor em duas missões centrais, e, pensava entregar a Missão do Sul ou Contra-Costa aos missionários da Companhia de Jesus. Circunstâncias várias não permitiram a concretização desse plano (22).
Em 1897, sucedeu ao falecido Bispo António Joaquim Medeiros (+ 7 de Janeiro1897), o novo bispo Dom José Manuel de Carvalho, natural de Tourigo, Tondela, Portugal. Em 1899, o novo Bispo tomou a decisão de confiar a Missão de Soibada aos padres da Companhia de Jesus. Por decreto de 15 de Novembro de 1900, ordenou a divisão das missões de Timor em dois vicariatos gerais: o do Norte, com a sede em Lahane, confiado aos cuidados pastorais do clero secular, e o do Sul ou Contra-costa, com a sede em Soibada, no reino de Samoro, confiado aos Jesuítas. O Vicariato do Sul ou da Contra-Costa abrangia Bobonaro, Suro, Manufahi, Ermera, Alas, Dotic, Barique, Luca, Viqueque e Laclubar (23). Em 1905, o Bispo Dom João Paulino de Azevedo e Castro que substituíra o Bispo José de Carvalho em 1902, modificou os limites dos dois vicariatos. À missão central de Sul ou Contra-costa, foram adscritos outros reinos, como: Bibiçucu, Turiscain, Mahubo, Atabae, Cotubaba, Balibó e Batugadé, Raimean, Camanasa, Suai, Marobo, Atsabe, Leimean, Cailaco (24).
Por provisão de 28 de Julho de 1899, Dom José Manuel de Carvalho confiou a Missão de Soibada aos Jesuítas, nomeado como superior o padre Sebastião Maria Aparício da Silva, SJ (25). O padre Sebastião partiu para Timor no dia 3 de Setembro de 1899, juntamente com o padre Manuel Fernandes Ferreira, SJ, que estava a leccionar Teologia Moral e Direito Canónico no Seminário de Macau (26). Também nesse dia 3 de Setembro, o Bispo nomeou o Padre Sebastião da Silva Superior e Vigário-Geral da Missão Central de Soibada. No mês de Setembro de 1899, partiam para Timor os padres Sebastião da Silva, SJ, Manuel Fernandes Ferreira, SJ, e três padres seculares: Victorino Domingues dos Reis, Cosme Rodrigues e João Manuel Gonçalves. Os novos missionários chegaram a Díli no 12 de Setembro e hospedaram-se na Missão central de Lahane.
3.3. A Missão Central de Soibada
No dia 13 de Outubro de 1899, os padres Sebastião da Silva e Manuel Ferreira iniciam a sua presença e acção missionária no reino de Samoro. À data da chegada dos jesuítas, já havia uma escola fundada pelo padre António Antunes (27) na povoação de Maclouc, aliás, Uma-clouc.
Chegados ao reino de Samoro, os padres Sebastião e Manuel Fernandes tiveram um encontro com o Régulo Dom André Doutel Sarmento, propondo a construção de uma igreja de pedra e cal e de dois colégios, um para meninos e outra para meninas.
No ano de 1900, o padre Sebastião, em comemoração do Ano Jubilar, mandou levantar uma grande cruz de madeira no cimo do monte Aitarak, que passou a ser dominado o “Monte do Salvador”. Nesse mesmo ano, lançaram os fundamentos da Residência missionária e da Igreja. Em 1902, foi inaugurada a Residência que também servia de escola, que começou a funcionar, com 12 alunos internos. (28). Neste mesmo ano começam as obras da construção do colégio destinado à instrução das meninas.
A 6 de Maio de 1902, chegou a Soibada um grupo de religiosas canossianas (Madres Hedwiges da Conceição, Carolina de Jesus e Aquilina Joaquim) para tomarem conta do colégio feminino, da Imaculada Conceição (29). Em 1910, as Irmãs Canossianas foram expulsas de Soibada e saíram de Timor, em Fevereiro de 1911.
No dia 8 de Dezembro de 1904, foi solenemente inaugurada a nova Igreja de alvenaria, sob a invocação do Sagrado Coração de Jesus.
O padre Sebastião Aparício da Silva, além das construções, não deixou de se dedicar à obra da evangelização (pregações, catequese, administração dos sacramentos, visitas às Estações missionárias: Barique, Lacluta, Luca, Viqueque, Laclubar, Dotic, Alas, Raimean, Bobonaro, Suro Batugadé e Balibó).
Para tornar a missão de Soibada e o Colégio Nun’Álvares, auto-suficientes, o padre Sebastião abriu duas oficinas: uma de carpinteiros e outra de pedreiros. Abriu ainda uma oficina de olaria, uma fábrica de sabão e outra de tecelagem. Da abertura dessas fábricas, informava o dinâmico Superior da Missão Central: “ Em breve se montará a máquina de serrar madeira que há pouco que há pouco trouxe de Portugal e que prestará muito bem serviço. Consegui fazer sabão, pelo que a missão economisa bastante e até mais tarde poderá ser uma boa fonte de receita, pois os negociantes de Díli estão a pedi-lo porque o acham bom, e não só eles o dizem mas toda a gente. Desde Setembro que o faço; não tem sido comprar sabão para lavagem da roupa dos dois colégios e d’alguns missionários que aqui mandam a sua roupa, pagando, é claro está. Com teares tem a missão ganhado muito, pois, já não é preciso comprar pano para vestir os rapazes e raparigas dos dois colégios. Nisto muito nos tem auxiliado o digno comandante militar, natural de Covilhã, terra de teares, por cujas indicações se fez um tear para tecer com muita rapidez” (30).
Durante o tempo em que o Padre Sebastião da Silva era superior da missão Central de Soibada, registava-se o seguinte movimento religioso: A missão sede, Soibada tinha 492 cristãos, a missão de Barique, 400 cristãos, a Missão de Lacluta, 300 cristãos, a Missão de Alas, 400 cristãos, verificando o número total de 1.597 cristãos.
O Padre Manuel Fernandes Ferreira, SJ, desenvolvia a sua acção missionária no Colégio: era professor e prefeito. Se em Setembro de 1902, a escola que estava coberta de palha, e era frequentada por 12 alunos, em 1903, a mesma já estava coberta de zinco, e os alunos eram 70 e todos internos. O colégio feminino dirigido por 3 canossianas tinha 30 alunas (31). Em 1904, segundo o “Correio das Missões”, Timor, dizia-se que no Colégio houve uma pequena orquestra, em que se tocaram instrumentos musicais acabados de chegar de Portugal: rebeca, cornetim, trompa, barytono, gaita de foles. Nesse ano baptizaram-se 12 alunos (32
No ano lectivo de 1905/06, o Colégio de Soibada tinha 120 alunos, sendo 60 internos e outros sessenta externos. Nas Estações missionárias, onde funcionavam escolas, registava-se o seguinte número de alunos: Barique, escola do sexo masculino: 14 alunos com um professor; Lacluta do sexo masculino, 31 alunos com um professor; Batugadé, escola do sexo masculino, 23 alunos, com um professor (33).
Aos dois pioneiros jesuítas de Soibada, foram juntar-se-lhes, mais tarde, outros sacerdotes e irmãos da Companhia. Em Fevereiro de 1907, chegaria a Soibada o padre Serafim de Almeida Nazaré, SJ (34). Nos dois que ali esteve, o padre Serafim montou um observatório, cujos instrumentos (anemómetro, higrómetro, etc) ele próprio montou.
No ano seguinte, precisamente em Março de 1908, chegava o padre José Marques Atalaia, contando 62 anos de idade (35). Além destes sacerdotes, estavam também em Soibada três irmãos auxiliares: Irmão António Amaral e irmão António Claudino e irmão Júlio de Sousa.
Até 1910, ano da expulsão, os Jesuítas desenvolviam a sua acção, entre o trabalho pastoral (catequese, administração dos sacramentos, visitas missionárias) e o ensino e educação da juventude no Colégio de Nun’Álvares Pereira.
Como se disse, para que Missão e o Colégio fossem auto-suficientes a nível económico, os Jesuítas desenvolveram a agricultura incutindo nos alunos noções de trabalhos agrícolas (hortas de milho, canteiros de hortaliças, quintal de árvores frutíferas e arrozais na planícies de Clacuc). Abriram uma oficina de olaria e uma fábrica de sabão, junto ao colégio uma secção de carpinteiros e pedreiros (36).
IV - A ordem da expulsão
Era encarregado do Governo o capitão José Carrezeda de Sousa Caldas Viana e Andrade. No dia 25 de Novembro, fez publicar o decreto da expulsão dos jesuítas [e das canossianas] (37). Assim dizia o superior da Missão, padre José Neves: “Há quatro dias appareceu publicado o decreto sobre a expulsão dos jesuítas, religiosos e religiosas” (38).
O Secretário do Governo telegrafou para Lisboa pedindo instruções sobre a saída e as passagens. Foram, portanto, expulsos os padres Manuel Ferreira Fernandes e José Marques Atalaia, e dois irmãos leigos, o Irmão António do Amaral e o Irmão António Claudino. O Padre Sebastião tinha ido a Macau no dia 24 de Outubro para tratar da saúde (39). A ordem da expulsão de Soibada foi-lhes comunicada por um sargento, que era comandante no posto de Laclubar.
Com dor e tristeza, os jesuítas tiveram de abandonar a florescente missão por eles iniciada em finais do século XIX. No dia partida, 9 de Dezembro de 1910, os Jesuítas tinham no colégio 76 alunos internos, que ficaram abandonados a si próprios.(40). Antes de abandonarem definitivamente Timor, e, enquanto aguardavam o dia do embarque, os jesuítas hospedaram-se na Missão central de Lahane.
Qual seria o destino dos jesuítas? Diz-nos o cronista. “Sobre o destino a dar-lhes fez o governador com os membros do conselho, sendo, como era de esperar, encontrados os pareceres. Uns opinaram que se metessem no primeiro vapor, e se lhes abonasse a passagem só até Atapupo, na costa holandesa de Timor – e estes em maior número – entenderam que era desairoso a Portugal não pagar viagem aos padres, sequer até à missão portuguesa de Singapura. Esta opinião prevaleceu” (41). No dia 23 de Dezembro, o Padre José Neves, Superior e Vigário-Geral das Missões do Viacariato do Norte, com sede em Lahane escrevia ao Bispo de Macau: “Envio n’esta data um telegrama a V. Excia, participando a sahida dos Pes S.J. e anunciando a sahida das Madres para Hong-Kong a próxima mala directa que se espera em 1 ou 7 de Fevereiro” (42). Portanto, os quatro jesuítas saíram de Díli com destino a Singapura no barco holandês no dia 23 de Dezembro de 1910. A 12 de Janeiro de 1911, chegaram a Singapura, onde foram acolhidos pelos padres João Gonçalves e Sebastião Aparício da Silva, idos de Macau. No dia 13 do mesmo mês, os jesuítas embarcaram no vapor a mala holandesa com destino a Allepey, aonde chegaram no dia 21(43).
Sobre a viagem dos jesuítas, o padre José Neves, na sua carta ao Bispo de Macau, informava que o Governo pagara as passagens aos Pe. Ferreira e Atalaia em 1ª classe até Singapura. Aos irmãos deram dinheiro para 2ª. Mas depois acrescentava: “ Parece que irão todos quatro em 2ª classe” (44).
Com a saída dos padres, ficaram em poder do estado os edifícios, a saber: a igreja, a residência dos padres e o colégio masculino e o colégio feminino, contrariando o pensamento do padre José Neves que havia informado á secretaria do Governo que “tudo o lá há pertence às missões, não podendo ser confiscado como propriedade dos Jesuítas” (45).
Para não deixar ao abandono a Missão central da Soibada e os colégios, o Padre José Neves, escreveu ao Senhor Bispo, Dom João Paulino de Azevedo e Castro, sugerindo a conveniência de reunir as duas Missões de Lahane e de Soibada. O mesmo padre Neves recomendou ao padre Manuel Ferreira, que, antes de sair, entregasse o cuidado da missão ao encarregado da Missão de Barique, o Pe. João Lopes. Com a presença do Padre Lopes, pensava-se que, pelos menos, as actividades pastorais e educativas, na Missão central e nas estações missionárias, não ficariam interrompidas. (46).
Mas a realidade foi bem diferente. Anos mais tarde, relatava o Padre João Lopes sobre os primeiros dias em que passou na Missão de Soibada:
“Logo em seguida à minha vinda para aqui, principiavam os arrolamentos judiciais dos bens da missão, que começaram a ser considerados pertença do estado, nada tendo valido a reclamação enviada ao governo, alegando que de forma alguma os religiosos podiam ser considerados proprietários dos bens, que só em nome de Sua Excia Revma, o Bispo da diocese, administrava.” (47).
Tendo os jesuítas saído de Timor, os funcionários do estado foram ao Colégio masculino e retirara as mobílias e materiais de construção ali existentes, deixando aos padres seculares a casa para nela habitarem e dar aulas aos alunos.
O Comandante militar tomou posse do colégio das Madres. Sobre o abandono a que foi devotado este edifício, escrevia o padre João Lopes: “ Para ali esteve, durante anos consecutivos, servindo de valhacouto a vagabundos e abrigo de animais em dias e noites de chuva. Causava pena e fazia dó, era mesmo a vergonha o estado em que estava, quando em 1910 o mesmo comandante arranjou autorização para lhe vibrar o golpe de misericórdia, mandando-a demolir para não sei bem que fins…” (48).
E continua o Padre João Lopes: “ A substituir todos estes obreiros ficámos apenas dois missionários – um com a superintendência da missão e outro encarregado dos alunos na qualidade de professor e prefeito. A agravar esta desproporção de meios, temos a contar a impressão moral – o medo e desconfiança, que no ânimo dos indígenas lançaram a saída dos religiosos e esbulhamento dos bens que a missão possuía” (49).
Em Outubro de 1911, visitava Timor o Padre José da Costa Nunes, enviado pelo Bispo Dom João Paulino de Azevedo e Castro. No seu relatório de 23 de Outubro de 1911, escrevia: “ Só quem conhece bem Soibada pode avaliar suficientemente a falta de enorme que as Madre Canossianas ali fazem. Tanto o Collegio de alunos, onde ainda estão interno 28, como a egreja – que por sinal ameaça ruína – e o novo e magnífico edifício, já quase concluído, destinado às religiosas, foram arrolados pelo governo e já entraram na posse do Estado, visto serem considerados como propriedade dos Jesuítas, e neste caso não se admitir reclamação, nos termos do artº 4º do Decreto de 31 de Dezembro de 1910” (50).
V - As consequências em Timor
A primeira consequência da saída dos padres e irmãos jesuítas reflectiu-se na diminuição do pessoal missionário na Missão Central do Sul ou Contra-Costa, obrigando a um novo reajustamento do “xadrez missionário”. As actividades escolares que estavam de vento em popa, ficaram estagnadas. A falta dos jesuítas em Soibada, causou mal-estar em todos. O padre João Lopes exprime-se assim: “ (…) quando a missão iniciar um período de grande actividade e começava a expandir e intensificar mais e mais a sua acção tão prometedora de abundantes fructos, que se viu abruptamente privada de tão prestimosos obreiros. Foi uma grande perda para a civilização portuguesa e educação religiosa a saída dos religiosos desta missão. Com a saída dos padres jesuítas e das religiosas canossianas dispersaram os alunos dos dois colégios e começou para esta missão um período de contradições e dificuldade” (51). O prejuízo maior foi o que aconteceu no Colégio da Imaculada Conceição, onde estavam as Religiosas canossianas. No ano da expulsão, estavam internadas no Colégio 62 raparigas. As alunas que tinham famílias tiveram de regressar às suas casas. E as que não tinham, “foram pelo da missão distribuídas pelas famílias mais morigeradas de Soibada, ficando o seu sustento e vestuário a cargo da missão” (52).
Conclusão
A presença dos Jesuítas na Missão de Soibada não foi longa: apenas dez anos. Mas o apostolado aí desenvolvido criou raízes profundas na vida das populações de Soibada, Barique, Lacluta e Viqueque. Pela acção dos Jesuítas os timorenses tiveram acesso ao conhecimento religioso, cultural e social. Os missionários eram estimados pelo povo em geral, e em especial, pelos alunos do Colégio Nun’Álvares. Com a retirada dos padres, criou-se um vácuo no Vicariato Sul. Os sacerdotes seculares que já eram poucos tiveram de se reorganizar, deixando alguns centros missionários, para atender a Missão de Soibada e a Escola e o Internato. Os Jesuítas regressaram a Timor em 1958, quarenta e oito anos depois da expulsão. Se hoje não na Missão de Soibada, a sua acção faz-se sentir em Dili, com o trabalho desenvolvido no Seminário, no Colégio de São José e na casa de Retiros em Dare e na capelania dos Hospitais e das Prisões.
A expulsão dos padres e irmãos Jesuítas e das Irmãs Canossianas em 1910, criou descontentamento na sociedade timorense, especialmente nos círculos dos régulos indígenas, e contribuiu para que alguns deles se revoltassem contra os Portugueses. A célebre revolta de Manufahi de 1911 era uma das consequências da mudança do regime monárquico para o regime republicano.
Apêndice: Biografia dos Jesuítas, missionários em Soibada, 1900-1910
1) O Padre Sebastião Maria Aparício da Silva nasceu em Abrunheiro Grande, freguesia de Fundada, Vila de Rei, Diocese de Portalegre, aos 22 de Março de 1894.Era filho de José da Silva e da senhora Maria Aparício. Tendo feito os estudos no Real Colégio das Missões de Cernache (Sernache) do Bonjardim foi ordenado sacerdote na capela do Paço Episcopal da cidade do porto, em 19 de Julho de 1874, pelo Cardeal Dom Américo dos santos Silva. No ano seguinte, partiu para Macau, onde se apresentou a 3 de Julho de 19875. Ali foi nomeado director do Seminário diocesano. Em 10 de Abril de 1877, foi nomeado missionário de Timor. Em Julho desse ano, foi destinado para a Missão de Lacluta, encarregando-se de vários reinos como Samoro, Barique, Luca e Viqueque. Em 1980 foi chamado a Macau onde fez serviço até 1881.Em 1888 foi nomeado Vigário geral da Diocese de Macau, por Provisão de 22 de Setembro do mesmo ano, e exerceu esse cargo até 1891. Desejando entrara na Companhia de Jesus, seguiu para Portugal onde fez a preparação para ser membro da Ordem. Já na condição de jesuíta, regressou a Macau e ali foi nomeado Vice-reitor do Seminário de São José. Profundo conhecedor da Língua Tetun Terik, publicou em 1889 um dicionário Tetun-Portuguez e um Catecismo na mesma língua em 1885. Tendo o Bispo Dom José Manuel de Carvalho (1897-1902) confiado a Missão de Soibada aos Padres da Companhia de Jesus, foi o Padre Sebastião nomeado Vigário geral e Superior das Missões da Costa Sul, por Provisão de 8 de Outubro de 1899. Na Soibada construiu dois colégios, um para rapazes e outro para meninas. A partir de 1902 construiu a igreja de Soibada a qual foi inaugurada no dia 8 de Dezembro de 1904. Em 1906 partiu para Portugal por opinião da Junta da saúde do Distrito de Timor. Regressou a Timor em 1907 permanecendo na Missão de Soibada até 24 de Outubro de 1910. Aquando da ordem da expulsão, o Padre Sebastião da Silva encontrava-se em Macau. Dali seguiu para Índia Inglesa onde esteve três anos. Em 1913, volta à diocese de Macau e é encarregado da Missão de Shiu-Hing durante treze anos. Em 1926, publicou um interessantíssimo artigo intitulado “Missão de Timor”, artigo esse publicado no livro “Portugal Missionário”, dos padres do Cernache do Bonjardim. Passou os últimos anos da sua vida no Seminário da companhia em Costa, em Guimarães. Em atenção aos seus bons serviços foi condecorado com o hábito de Cristo. Faleceu em Guimarães aos 30 dias de Dezembro de 1943, com 94 anos de idade. O Padre Sebastião foi um dos grandes missionários de Timor.
O Bispo de Macau, Dom José da costa Nunes, no seu Relatório ao Ministro das Colónias, escrevia: “Entre parêntesis, deixe-me V. Excia. dizer que os grandes missionários, que tão levantaram por toda esta Ásia o nome de Portugal, eram religioso da Companhia de Jesus. Outros houve também muito prestimosos, mas os Jesuítas marcaram a sua obra com um cunho de grandeza, que o tempo não consegue ainda apagar. (…). Voltemos ao Pe. Sebastião da silva. Fora ele o fundador do colégio e missão de Soibada, fora ele o organizador do colégio das religiosas Canossianas na mesma missão, fora ele o educador de centenares de rapazes indígenas, fora ele o empreendedor de tantas obras de civilização que seria fastidioso enumerar. Basta dizer que o benemérito missionário chegou a fabricar sabão no colégio eque dirigia ea montar um posto metereológico, cujas observações – as únicas, creio, que se faziam naquela colónia – eram publicadas no Boletim Oficial da Província” (53).
2) O Padre Manuel Fernandes Ferreira nasceu em 5 de Abril de 1864, na freguesia de Vila Fria Concelho de Viana de Castelo. Estudou no Seminário de Braga. Ingressou na Companhia de Jesus em 14 de Setembro de 1889. Em 1897 partiu para Macau, onde foi docente no Seminário diocesano leccionando durante dois anos Teologia Moral e Direito canónico até Setembro de 1899.
Em 1899 partiu para Timor, sendo colocado na Missão de Soibada. Com a ordem da expulsão regressou a Macau, seguindo depois para Índia, trabalhando em Meliapor, Poona. Em 1926 encontrava-se em Alapay como director de Imprensa. Em 1929, voltou a Macau onde dirigiu por vários anos a revista “Religião e Pátria”. Em 1941, embarcou para Portugal. Faleceu em Soutelo (Braga) a 28 de Janeiro de 1957, com 92 anos de idade. Deixou publicadas as seguintes obras: “Catecismo badac no Oração ba lor-loron” (Pequeno Catecismo e Orações para todos os dias, Macau 1907. “Resumo da História Sagrada, em Português e em Tetum para o uso das crianças de Timor”, Lisboa, Imprensa nacional, 1908. Lisboa, 1808. Obras inéditas: “Homilias dos Domingos e Festas do Ano”, O Mês de S. Coração de Jesus traduzido da obra do Pe. Ventulelli; “o mês de Maria em Tetum”;”Vida de vários Santos” (54).
3) Padre Serafim de Almeida Nazaré. Nasceu no Porto a 13 de Julho de 1871, sendo filho de Simão Esteves de Almeida e da senhora Rita de Jesus Nazaré. Ingressou na Companhia de Jesus a 7 de Setembro de 1888. Concluídos os estudos, foi destinado a Macau, aonde chegou em 20 de Novembro 1905, ficando professor no Seminário de Macau. Em 25 de Janeiro de 1907 de partiu para Timor, sendo colocado na missão de Soibada. Ali montou um observatório astronómico. Regressou a Macau no dia 7 de Julho de 1908. Depois da expulsão dos jesuítas de Macau e de Timor, o Padre Serafim para a Índia inglesa onde esteve dois anos, indo trabalhar nas missões da China (Shiu-Hing) e ali esteve mais de 20 anos. Faleceu em Macau a 15 de Maio de 1938 (55).
Provisão da nomeação como missionário em Timor.
Dom João Paulino de Azevedo e Castro, por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica, Bispo de Macau, do Conselho de Sua Majestade Fidelíssima, Bacharel formado na Sagrada Teologia pela Universidade de Coimbra, etc..
Fazemos saber que achando-se algumas Missões de Timor desprovidas de Missionários, e sendo do Nosso dever providenciar quanto possível para que aos Nossos jurisdicionados não faltem socorros espirituais;
Havemos por bem transferir da Missão de Macau, para que havia sido nomeado por Nossa Portaria nº 4 de 6 de Dezembro de 1905, para Timor, na Contra-Costa, o Rev.do Missionário Serafim de Almeida Nazaré, devendo portanto ser considerado, de futuro, missionário daquele distrito enquanto não mandarmos o contrário: a qual ocupação servirá como convém ao serviço de Deus e bem das almas dos fiéis confiados a seu cargo, ensinando-lhes a doutrina cristã e cumprindo todos os mais deveres inerentes, para o que lhe damos e conferimos toda a jurisdição necessária e lhe encarregamos muito a boa direcção das almas, do que dará contas a Deus Nosso Senhor.
E na dita ocupação haverá a côngrua e todos os benesses, prós e precalços que directamente lhe pertencem.
E mandamos, em virtude da santa obediência, a todos os fiéis da referida Missão reconheçam ao dito presbítero por seu missionário e como tal o estimem, respeitem e lhe obedeçam em tudo a quanto são obrigados.
Dada em Macau, no Paço Episcopal, sob o Nosso sinal e selo das Nossas Armas, aos 18 de Janeiro de 1907.
+ João Paulino, Bispo de Macau (56).
4) Padre José Marques Atalaia nasceu em Ousada, concelho da Guarda em 1846. Depois de ter entrado na Companhia de Jesus partiu para Moçambique a 21 de Outubro de 1891, indo para a missão de Zambézia, onde missionou muitos anos. A 14 de Fevereiro de 1908, partiu de Lisboa para Macau. Contando 62 anos de idade, partiu no dia 10 de Março de 1908, para Timor, sendo colocado na missão de Soibada. Expulso em 1910, seguiu para o exílio (57).
Além dos padres, trabalhavam na Missão de Soibada três irmãos leigos: Irmão António Amaral, irmão António Cláudio e o irmão Júlio de Sousa (58).
5) Irmão António do Amaral: era natural de Miserela (Guarda); nasceu a 29 de Janeiro de 1863. Entrou na Companhia de Jesus no Barro (Torres Vedras) a 4 de Janeiro de 1898. Foi padeiro, depois dos primeiros votos. Partiu para Timor em 1909. Expulso de Timor, em 1910, foi para Índia, onde esteve a trabalhar no Seminário de Alleppey. Faleceu a 25 de Setembro de 1936. Dizia-se que era bom irmão e de excelente coração.
6) Irmão António Claudino: era natural de Felgueiras (Bragança); nasceu a 25 de Fevereiro de 1854; entrou na Companhia de Jesus no Barro (Torres Vedras) a 8 de Setembro de 1895. Viveu em Angra (Açores). Em 1907, partiu para Macau e Timor. Expulso de Timor, foi para a índia e faleceu em Belgão a 24 de Março de 1916. Era um irmão cheio de virtudes.
7) Irmão Júlio de Sousa: Nasceu a 19 de Março de 1882, em Santa Maria maior, Chaves. Aos 12 anos partiu para Macau indo frequentar o Seminário de São José. Tempo depois entrou na Companhia de Jesus no Barro (Torres Vedras), como Escolástico. Deve ter passado, mais tarde, para irmão, pois era nessa qualidade que se encontrava na Missão de Soibada. Enquanto os outros jesuítas saíram para Hong Kong, o irmão Júlio preferiu ficar em Timor, tornando-se mais tarde “pessoal auxiliar” das Missões de Timor ficando lá até 1940. Em 1929, era professor na Escola Municpal do sexo masculino de Dili (59).
Notas
A Expulsão das Irmãs canossianas, de Timor, será tema de um segundo artigo. Em 1910 estavam 20 religiosas trabalhando nas Casas de Dili, Manatuto e Soibada.
1) cf. Artigo 3º do Decreto de 8 de Outubro de 1910: “ Continua também em vigor com a força de lei da República Portuguesa o decreto de 28 de Maio de 1834, promulgado sob o regime monárquico representativo, o qual extinguiu em Portugal, Algarve, ilhas adjacentes e domínios portugueses, todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e quaisquer casas de religiosos de todas as ordens religiosas, fosse qual fosse a sua denominação, instituo ou regra” (in FERNANDES, António Teixeira, Afrontamento político-religioso na Primeira República, Porto, 2019, p.28); MIGUEL, de Oliveira, História Eclesiástica de Portugal, Edição revista e actualizada, Publicações Europa-América, Lisboa, 2001, p. 157;
2) cf. MACEDO, Jorge de, art. Partido republicano, Enciclopédia Verbo, vol. 16, col. 365-369.
3) Ibidem, art. República, Enciclopédia Verbo, vol. 16, col. 345-350.
4) Decreto de 8 de Outubro de 1901, in FERNANDES, António Teixeira, op. cit. p. 28).
5) FERNANDES, António Teixeira, op. cit, p. 43.
6) OLIVEIRA, Luna de, Timor na História de Portugal, vol. III, Lisboa, 2004, p. 40.
7) Acta da Sessão Solene in Boletim Oficial de Timor, nº 45, 5 de Novembro de 1910; cf. REIS, Célia, O Padroado Português no Extremo Oriente na Primeira República,p. 110-111).
8) OLIVEIRA, Luna de, op. cit. p. 44; cf. GUNN, Geoffrey, Timor Loro Sae 500 anos, Livros do Oriente, Macau, 1999, p. 194.
9) cf. Ibidem, Idem, p. 44.
10) cf. Ibidem, idem, pp. 41-42.
11) Oliveira, Luna, op. cit. 42.
12) cf. Gunn, Geoffrey, op. cit. p. 194-195.
13) Carta do Padre Baltazar Diaz, in SÁ, Artur Basílio de, Documentação para a História das Missões do Padroado Português do Oriente, Insulíndia, 2º vol. (1550-1562), Agência Geral do Ultramar, 1955, p. 345.
14) Carta do Padre Luís Fróis, Goa, 24 de Novembro de 1559, p. 340, in SÁ; Artur Basílio,Insulindia, 2º vol. p. 340.
15) Carta do Padre Luís Fróis, escrita de Goa, a 12 de Dezembro de 1560, in SÁ, Artur Basílio de, Insulindia, vol, 2ºvol. p. 351-352.
16) cf. GUNN, Geoffrey, op. cit, p. 83.
17) cf. GUNN, Geoffrey, op. cit. nota, 19, p. 95; cf. THOMAZ,Luís Filipe, art. Timo re Solor, Dicionário da História Religiosa de Portugal, IV vol., p. 288.
18) HUBERT, Jacobs, SJ, The Jesuit Macassar Documents, p. 243, in GUNN, Geoffrey, p, op. cit. p. 83.
19) Carta do Padre João de Olivares, Provincial, Cambarjua, 23 de Outubro de 1722, in MATOS, Artur Teodoro de, Timor Português, 1515-1769, Lisboa, 1974, p. 358-361.
20) Carta do Rei Dom João V ao Vice-rei da Índias, Lisboa, 25 de Março de 1722, in MATOS, Artur Teodoro de, Timor Português 1515-1769, Lisboa, 1974, p. 356-357.
21) WRIGTH, Jonathan, Os Jesuítas, Missões, Mito e História, Quetzal Editores, Lisboa, 2005, p.240-241;
22) cf. AZEVEDO, Pe. Luís Gonzaga de, Proscritos, (Jesuítas na Revolução de 1910), Bruxelas, 1914, p. 110.
23) TEIXEIRA, Manuel, Diocese de Macau, vol. X, Missões de Timor, Macau, 1974, p. 127.
24)Ver o Apêndice, sobre as biografias dos jesuítas; cf. TEIXEIRA, Manuel, Diocese de Macau, vol. X, Missões de Timor, p. 223-226. cf. Cândido Teixeira, O Colégio das Missões do Sernache do Bom Jardim, 1905, p. 126-127.
25) TEIXEIRA, Manuel, op. cit. p. 232-233.
26) Ibidem, idem, p.232.
27) O padre António Antunes, natural de freguesia de Maçãs de D. Maria, Alvaiázere, estudou no Colégio das missões de Sernache do Bomjardim. Embarcou para as Missões de Macau e Timor em 1892. Em 1896, foi ao reino de Manufahi a convencer o régulo Dom Duarte Soto Maior a prestar vassalagem ao Governo Português. Foi fundador da escola de rapazes da missão de Lahane. Dirigiu as escolas de Manatuto, Oe-Cusse e Maclouc (Samoro). Falavam muito bem o Tétum. Por ter levado o régulo de Manufahi à obediência, foi condecorado com o Hábito de Cristo, com as medalhas da Torre e Espada, de Aviz e de comportamento exemplar. Faleceu em 1927.
28) TEIXIERA, Manuel, Diocese de Macau, vol. X, Missões de Timor, p. 301-302, e p. 538.
29 TEIXIERA, Manuel, As Canossianas na Diocese de Macau, II Parte (As Canossians em Timor), Macau, 1974239.
30) Ibidem, idem, p. 234-235.
31) Boletim Eclesiástico do Governo da Diocese de Macau, nº5, Novembro de 1903, p. 92.
32) Carta de Dezembro de 1903, in BEDGM, 1904, p. 132-133.
33) cf. BEDGM, nº 34, Abril de 1906, p. 245.
34) Ver o Apêndice deste artigo; cf. Teixeira, Manuel, Macau e sua diocese, vol. X, p. 233-234.
35) Ver o Apêndice deste artigo; cf. Teixeira, Manuel, op. cit., p.234.
36) TEIXEIRA, Manuel, op. cit., p. 125.
37) Boletim oficial do Governo de Timor, nº 48, 26 de Novembro de 1910.
38) TEIXEIRA Manuel, op. cit. p. 124.
39) Leia-se a carta do Padre Sebastião Aparício: “Eu saí de Timor prara tratar da saúde e de arranjos, No vapor que me trouxe para Hong Kong, li os jornais de Port-Darwin com primeiro telegrama sobre a revolução de Lisboa e a proclamação da república”, in nota 1), in AZEVEDO, Luís Gonzaga, Proscritos, p. 114.
40) “ O sargento que foi intimar ordem de expulsão, maravilhou-se do afecto que os timorenses consagravam aos padres (…). Quando voltou para o seu comando de Laclubar, dizia aos expulsos: - Vão-se V. Recias embora, e eu cá fico para aturar as fúrias desta gente” , in AZEVEDO, Luís Gonzaga.op. cit, p. 113.
41) AZEVEDO, Luís, Gonzaga, op. cit. p. 114.
42) TEIXIERA, Manuel, Macau e Sua Diocese, vol. X, p. 131.
43) AZEVEDO, luís Gonzaga, op. cit., p. 114.
44) TEIXEIRA, Mnauel, op. cit. p. 131.
45) Ibidem, idem, p. 131.
46) Ibdiem, idem, p. 131.
47) Ibidem, idem, p. 366.
48) Ibidem, idem, p. 366.
49) Ibidem, idem, p. 366.
50) TEXIERA, Manuel, As Canossianas na Diocese de Macau, p. 238.
51) TEIXEIRA, Manuel, vol. X, p. 365.
52) FERNANDES, Pe. Abílio José, in Teixeira, Canossianas na Diocese de Macau, p. 243.
53) cf. Textos do Cardeal Costa Nunes, Pastorais, vol. V, Coordenação Padre Tomás Bettencourt Cardoso, Fundação Macau, Macau, 1999, p. 66. Sobre o curriculum vitae do Padre Sebastião da Silva, veja-se TEIXIERA, Manuel, Macau e sua Diocese, vol. X, Missões de Timor, pp. 223-231: TEIXIERA, Cândido da Silva Teixeira, O Colégio do Sernache do Bomjardim, 1905, p. 88.
54) TEIXEIRA, Manuel, Macau e Sua diocese, vol. X. p. 233-234.
55) Ibidem idem, p. 234
56) cf. Textos de D. João Paulino , Provisões e outros escritos, vol. I, Coordenação Pe. Tomás Bettencourt Cardoso, Fundação Macau, Macau, 1997, p. 209-210.
57) TEIXEIRA, Manuel, Vol. X, p. 234.
58) Informações fornecidas pelo Reverendo Padre Carlos Maria Vasconcelos, Arquivista da Província Portuguesa da Companhia de Jesus.
59) cf. FERNANDES, Pe. Abílio José Superior e Vigário-Geral das Missões de Timor, Relatório, Missões Católicas Portuguesas de Timor, in Missionário Católico, Boletim Mensal, órgão das Missões Religiosas Ultramarinas Portuguesas, de 1930.
Bibliografia
1) TEIXEIRA, Padre Manuel , Macau e sua Diocese, vol. X, As Missões de Timor, 1974.
2) TEIXEIRA, Padre, As Canossianas na Diocese de Macau. Cem Anos de Apostolado (1874-1974), Tipografia da Missão do Padroado, Macau, 1974 Macau, 1974,
3) TEIXEIRA, Cândido da Silva, O Collegio das Missões Ultramarinas do Serncahe do Bomjardim, 1905.
4) PÉLISSIER, René, Timor em Guerra. A Conquista Portuguesa 1874-1913, Editorial Estampa, Lisboa, 2007.
5) GUNN, Geoffrey, Timor Loro Sa’e, 500 Anos, Livros do Oriente, Macau, 1999.
6) FERNANDES, António Teixeira, Afrontamento Político-Religioso, na Primeira república, Enredos de um Conflito, Estratégica criativas, 2009.
7) ARAÚJO, António de, Jesuítas e Anti-Jesuítas no Portugal Republicano, Lisboa, 2004.
8) AZEVEDO, Luís Gonzaga de, Proscritos (Jesuítas na revolução de 1910), Tipografia, E. DAEN, Bruxellas, 1914,
9) Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau.
10) Padre Miguel de Oliveira, História Eclesiástica de Portugal, Publicações Europa-América.
11) OLIVEIRA, Luna de, Timor na História de Portugal, vol. III, Fundação oriente, Lisboa, 2000.
12) REIS, Célia, O Padroado Português no Oriente na Primeira república, Livros Horizonte, Lisboa, 2007
13) WRIGHT, Jonathan, Os Jesuítas, Missões Mitos e Histórias, Quetzal, Lisboa, 2005.
14) Textos do Cardeal Costa Nunes, vol. V, Fundação Macau, Macau, 1999.
15) Textos de D. João Paulino, Provisões e outros escritos, vol. I, Macau, 1997.
16) Informações do reverendo Padre Carlos Maria Vasconcelos, arquivista da Província Portuguesa da Companhia de Jesus.
17) Missionário Católico, Cernache do Bomjardim.
18) Dicionário da História Religiosa de Portugal (dir. Carlos de Azevedo), vol. IV.
D. Carlos Filipe Ximenes Belo
Administrador Apostólico de Díli (1988-2002)
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