terça-feira, 10 de maio de 2016

MÃOS VAZIAS


“Para encontrar com Deus renunciei ao mundo. Anos de penitência encurvaram o meu corpo. Horas de meditação marcaram de rugas a minha fronte (…).
Por fim, atrevi-me a chamar às portas do templo; a estender para Deus as minhas mãos, casadas de pedir esmola aos homens…as minhas mãos vazias.
E Deus me perguntou: vazias?...
Mas, se estavam cheias de orgulho!
E voltei a sair do templo em busca de humildade.
Era verdade…era verdade! Eu tinha levado uma vida de penitência; os homens sabiam-no e honravam-me, e isso dava-me prazer!
Agora procurei fazer-me desprezar por todos, procurei humilhação sem conta; fiz com que me tratassem como ao pó do caminho…
Olha as minhas mãos!...

E, Deus me disse: ainda estão cheias…cheias d tua humildade. Ando pelo mundo. Não quero nem a tua humildade nem o teu orgulho. Quero o teu nada!
E voltei a sair para desprender-me da minha humildade. Ando pelo mundo procurando aprender a lição do meu nada…
E então, quando as minhas mãos estiverem vazias de tudo…sim, de tudo… vazias de mim mesmo…voltarei ao Templo, e Deus depositará nas minhas mãos vazias a esmola infinita da sua divindade.”

Parábola do mendigo
( Asceta indú, anónimo)


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