“Para
encontrar com Deus renunciei ao mundo. Anos de penitência encurvaram o meu
corpo. Horas de meditação marcaram de rugas a minha fronte (…).
Por fim,
atrevi-me a chamar às portas do templo; a estender para Deus as minhas mãos,
casadas de pedir esmola aos homens…as minhas mãos vazias.
E Deus me
perguntou: vazias?...
Mas, se
estavam cheias de orgulho!
E voltei a
sair do templo em busca de humildade.
Era
verdade…era verdade! Eu tinha levado uma vida de penitência; os homens
sabiam-no e honravam-me, e isso dava-me prazer!
Agora
procurei fazer-me desprezar por todos, procurei humilhação sem conta; fiz com
que me tratassem como ao pó do caminho…
Olha as minhas mãos!...
E, Deus me
disse: ainda estão cheias…cheias d tua humildade. Ando pelo mundo. Não quero
nem a tua humildade nem o teu orgulho. Quero o teu nada!
E voltei a
sair para desprender-me da minha humildade. Ando pelo mundo procurando aprender
a lição do meu nada…
E então,
quando as minhas mãos estiverem vazias de tudo…sim, de tudo… vazias de mim
mesmo…voltarei ao Templo, e Deus depositará nas minhas mãos vazias a esmola
infinita da sua divindade.”
Parábola do mendigo
( Asceta indú, anónimo)
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