Arnaldo Janssen, fundador de três institutos religiosos missionários - Congregação do Verbo Divino, Missionárias Servas do Espírito Santo e Servas do Espírito Santo da Adoração Perpétua - vai ser canonizado por João Paulo II, no dia 5 de Outubro próximo, em Roma.
Nasceu em Goch, no Norte da Alemanha, no seio de uma família profundamente cristã. O coadjutor da sua paróquia encaminhou-o para o seminário menor da diocese de Münster. Entre o estudo da filosofia e da teologia, por inclinação natural para a matemática e as ciências naturais e por ser ainda muito jovem, matriculou-se nas universidades de Münster e Bona onde se diplomou como professor do ensino secundário.
Foi ordenado sacerdote da diocese de Münster, a 15 de Agosto de 1861, e colocado como professor e vice-director no colégio diocesano de Bocholt. Aí tomou contacto com o Apostolado da Oração, que promoveu e de que se tornou director diocesano em 1867. Para se dedicar mais intensamente às tarefas apostólicas em 1873 deixou os cargos no colégio.
Numa Alemanha que procurava a unificação dos seus vários estados, mas era ainda atravessada por profundas divisões políticas e religiosas, Arnaldo Janssen empenhou-se na promoção da unidade dos cristãos. Sentia também o apelo de outra grande urgência: a evange-lização dos povos não cristãos. Convenceu-se de que também na Igreja de expressão alemã devia haver um seminário das missões que formasse e enviasse missionários para os países ainda não evangelizados. Para divulgar a ideia da fundação e conseguir apoios: escreveu, percorreu paróquias, falou em congressos e reuniões de católicos e contactou personalidades do mundo missionário. Dado que não se sentia chamado a ir para as missões estrangeiras, Arnaldo não se considerava apto para fundador mas o bispo Raimondi, prefeito apostólico de Hong Kong, mostrou-lhe que toda a obra missionária precisa de uma retaguarda sólida e lançou-lhe o desafio: “Funde o senhor um seminário das missões”!
Confrontado com a legislação restritiva da Alemanha, que proibia a abertura de novos seminários, Arnaldo Janssen resolveu fundar a sua casa missionária na Holanda, na pequena aldeia de Steyl, a poucos quilómetros da fronteira alemã. Apesar da extrema modéstia da casa, no dia 8 de Setembro de 1875, na homilia da missa inaugural, Arnaldo afirmou convictamente: “Se a obra é de Deus, o êxito é certo”.
Os primeiros tempos foram difíceis. A pobreza era grande e não eram menores as dificuldades internas. Três dos membros iniciais depressa sairam. Contudo alguns meses depois, para surpresa geral, a casa começou a desenvolver-se bem. Quatro anos mais tarde, em 1979, Arnaldo pôde enviar já os primeiros dois sacerdotes para a China, (entre os quais estava o P. José Freinademetez que vai também ser canonizado). Poucos anos depois, os Missionários do Verbo Divino e as Missionárias Servas do Espírito Santo trabalhavam já em diversos países da Europa, Ásia, África e Américas.
Arnaldo Janssen quis desde o início fundar também um instituto religioso feminino que reforçasse e completasse a acção dos seus sacerdotes e irmãos missionários. Assim, no dia 8 de Dezembro de 1989, fundou as Missionárias Servas do Espírito Santo.
A 8 de Dezembro de 1896 fundou as Servas do Espírito Santo da Adoração Perpétua, um instituto de vida contemplativa para apoiar a actividade missionária através da oração constante e da adoração eucarística. Arnaldo Janssen viveu numa época de profundas mudanças técnicas, sociais e políticas e foi um homem de visão. Valorizou muito a pessoa e a acção do irmão religioso e missionário proporcionando-lhe óptima formação profissional e tornando-o um parceiro válido e indispensável do sacerdote na actividade missionária. Abriu as suas casas a exercícios espirituais regulares para sacerdotes e leigos. Fortalecendo-os na fé e despertando neles o interesse pela actividade missionária da Igreja, encontrou neles apoio espiritual e material. Viu como poucos a importância da imprensa como veículo do ideal cristão e missionário e por isso montou tipografias e fundou revistas que informavam sobre a actividade missionária e geravam fundos consideráveis para o sustento das casas de formação e das missões. Abriu editoras em vários países; numa palavra, foi um autêntico pioneiro do apostolado da imprensa.
Quando morreu, no dia 15 de Janeiro de 1909, Arnaldo tinha enviado pessoalmente 730 missionários: 332 sacerdotes, 187 irmãos missionários e 211 irmãs religiosas. Hoje os seus filhos e filhas espirituais são 10.191 homens e mulheres de 65 nacionalidades - Missionários do Verbo Divino (6029), Servas do Espírito Santo (3.755), Servas da Adoração Perpétua (407) - e crescem, sobretudo, na Ásia onde teve início a acção missionária verbita.
Paulo VI beatificou-o em 19 de Outubro de1975, Dia Mundial das Missões e ano do centenário da Congregação do Verbo Divino. João Paulo II prepara-se para o canonizar a 5 de Outubro de 2003 propondo-o como modelo de vida cristã e ideal missionário. Aplica-se-lhe bem a epígrafe sobre o seu sarcófago na cripta da capela da casa-mãe da SVD em Steyl: - PATER, DUX, FUNDATOR (Pai, Guia, Fundador). José Hipólito Jerónimo, SVD